“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O ESPÍRITO DA LEI


JESUS É CENSURADO POR UM ESCRIBA POR TER SALVADO FILHOTES DE AVES NUM SÁBADO

Diz Jesus:

Pois o Deuteronômio diz: “Se vires extraviar-se a ovelha ou o boi do teu irmão, ainda que ele não seja teu vizinho, não irás para adiante. Mas os levarás a ele, ou tomarás conta deles, até que ele venha apanhá-los.” Diz também: “Se vires um asno ou um boi de teu irmão cair, não fiques parecendo não ter visto, mas ajuda-o a levantá-lo. E diz ainda: “Se encontras sobre uma árvore, ou no chão um ninho, com a mãe, que está chocando os ovos, ou já com os pequeninos nascidos, tu não tentarás pegar a mãe, pois ela é necessária para a procriação, mas apanharás somente os pequeninos.”
Eu vi no chão um ninho, e uma mãe que estava chorando sobre ele. E fiquei com dó, porque era uma mãe. E lhe entreguei seus pequeninos. Não achei, que estava violando o sábado, por ter consolado uma mãe. Não se há de permitir que fique extraviada a ovelha do irmão, e não diz a Lei se é culpa levantar um asno em dia de sábado. Ela só diz que se use de misericórdia para com o irmão, e de humanidade para com o asno, criatura de Deus. Eu pensei que Deus havia criado aquela mãe para que procriasse, e que ela havia obedecido à ordem de Deus, e que impedi-la de criar sua prole era criar um obstáculo à sua obediência a uma ordem divina. Mas tu não compreendes estas coisas. Tu e os teus guardais a letra, mas não o espírito. Tu e os teus não pensais que estais violando duas vezes, e até três vezes aviltando a palavra de Deus até à mesquinhez da mentalidade humana, pondo obstáculos a uma ordem de Deus, e faltando com a misericórdia para com o vosso próximo. Para ferirdes com a censura, não julgais que é um mal mover a língua sem necessidade. Isto, que também é um trabalho, e que não é nem necessário, nem bom, isto não vos parece uma violação do sábado.
Jocanã de Zacai, escuta-me. Como hoje tu não tens dó de uma toutinegra e, pela prática farisaica a farias morrer de dor e de aflição, farias perecer a prole dela, deixada ao alcance da áspide e do homem perverso, assim também amanhã não terás dó de uma mãe, e a farias morrer de dor ao fazeres matar sua prole, dizendo que é bom que assim se faça, por respeito à tua lei. Não à de Deus. Aquela que tu e os teus pares fizestes para oprimir os fracos e para triunfartes vós, os fortes. Mas, estás vendo? Os fracos sempre acham um salvador. Enquanto que os soberbos, os fortes segundo a lei do mundo, ficarão esmagadas pelo peso de sua própria e pesada lei.
Adeus Jocanã Bem Zacai. Lembra-te desta hora, e toma cuidado para não violares tu um outro sábado, com a complacência de um delito praticado.”
E Jesus, fazendo cintilar suas pupilas sobre o rosto cheio de ira do velho irado, olhando para ele de alto a baixo, pois o escriba é baixo e gordo, e Jesus parece uma palmeira, em comparação com ele, passa para a frente, tendo que pisar sobre a grama, porque o escriba não saiu do caminho.

Diz Jesus:

“Eu quis elevar o teu espírito com uma visão verdadeira, ainda que não tenha sido contemplada nos Evangelhos. Para ti o ensinamento é este: que Eu tenho muito dó dos passarinhos sem ninho, mesmo quando em vez de terem o nome de toutinegra, se chamam Maria e João. E trato logo de dar-lhes de novo um ninho, quando algum acontecimento os despojou dele.
Para todos o ensinamento é este. Que são muitos os que conhecem as palavras da Lei, e muitos mais, e que ainda são poucos, visto que todos deveriam conhecê-las. Mas conhecem apenas as palavras. E não vivem as palavras. Eis o erro.
O Deuteronômio prescrevia leis de humanidade, porque os homens daquele tempo eram, por sua infância espiritual, uns seres brutais, uns selvagens. Tinham que ser guiados pela mão, pelos caminhos floridos da piedade, do respeitado amor para com o irmão, que perde um dos seus animais, e para com o animal que cai, para com o passarinho que está chocando. Para ensiná-los a se elevar na prática de uma piedade, um respeito e um amor mais altos. Mas, quando Eu vim, aperfeiçoei as normas mosaicas e abri horizontes mais amplos. A letra já não era mais o “tudo”. O espírito é que se tornou o tudo. Acima do pequeno ato humano, a favor de um ninho e dos que moravam nele, é preciso ver o significado oculto daquele meu gesto: inclinar-me Eu, o Filho do Criador, diante da obra do Criador. Pois até aquela ninhada é obra dele.
Oh! Felizes aqueles que em todas as coisas sabem ver a Deus e servi-lo com um espírito de reverente amor. E ai daqueles que, como uma serpente, não sabem levantar a cabeça acima de sua lama, e, não podendo ter um canto de louvor a Deus, que se nos mostra nas obras dos irmãos, morde, a estes, com a grande abundância do veneno que os sufoca. Há muitos demais desses, que torturam os melhores, dizendo, para justificarem sua perversidade, que é bom fazer isso em respeito à Lei. Em respeito à lei deles. Não é de Deus, pois este, se não pode impedir as obras más deles, contudo sabe vingar os seus pequeninos.
E isto serve para aqueles a quem foi dado.
A minha paz, que te vigia, esteja sobre ti.

(de Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs. 475 a 479)  

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