CONSIDERAÇÕES
SOBRE A RESSURREIÇÃO.
21 de Fevereiro de 1944.
Diz Jesus:
“As orações ardentes de Maria anteciparam por algum
tempo a minha Ressurreição. Eu havia dito: “O Filho do Homem está para ser
morto, mas no terceiro dia ressurgirá”, Eu havia morrido às três da tarde de
Sexta feira. Quer calculeis os dias, dizendo os seus nomes, quer os calculeis
por horas, não era a aurora do domingo a que devia me ver ressurgir. Como
horas, eram somente trinta e oito, em vez das setenta e duas, as em que o meu
corpo permaneceu sem vida. Como dias, devia pelo menos chegar a tarde deste
terceiro dia para se poder dizer que Eu havia ficado três dias na tumba.
Mas Maria antecipou o milagre. Foi como quando, com
sua oração, Ela abriu os Céus, com a antecipação de cerca de um ano sobre a
época prefixada, para dar ao mundo a sua salvação, assim agora Ele obteve a
antecipação de algumas horas, para dar um conforto ao seu coração, que estava
morrendo. E Eu, ao primeiro alvorecer do terceiro dia, desci como o sol e, com
o meu fulgor, desfiz os selos humanos, tão inúteis diante do poder de um Deus,
de minha força Eu fiz uma alavanca, para fazer revirar a pedra, que inutilmente
estava sendo velada, com meu aparecimento fiz um fulgor, que aterrorizou os
três vezes inúteis guardas, lá postos para vigiarem uma morte que era vida, e
que nenhuma força humana podia impedir que assim o fosse.
Bem mais poderoso do que a vossa corrente elétrica,
o meu Espírito entrou, como uma espada de Fogo divino, a esquentar os frios
despojos do meu cadáver, e ao novo Adão o Espírito de Deus bafejou-lhe a vida,
dizendo a Si mesmo: “Torna a viver. Assim Eu quero.”
Eu, que havia ressuscitado dos mortos, quando Eu
não era mais do que o Filho do Homem, a Vítima designada para arcar com as
culpas do mundo, Eu não devia poder ressuscitar a mim mesmo, mas agora que Eu
era o Filho de Deus, o Primeiro, o Último, o Vivente eterno, Aquele que tem em
suas mãos a chaves da vida e da morte? Foi aí que o meu cadáver percebeu que a
Vida ia voltando para ele.
Olha: assim como o homem que desperta, depois de um
sono que sobreveio a um grande cansaço, Eu tenho uma respiração, ainda
profunda. E ainda nem posso abrir os olhos. o sangue começa a circular de novo
nas veias, com pouca velocidade, por enquanto, e de novo leva o pensa-mento à
mente. Mas Eu estou vindo de muito longe! Olha só: como um homem ferido que um
poder milagroso curou. O sangue está voltando às veias, enche de novo o
coração, aquece os membros, as feridas se vão cicatrizando, e a força volta.
Mas Eu estava muito ferido! Estais vendo como as forças vão voltando. Eu
despertei. Voltei à Vida. Estive morto. Agora estou vivo! Agora Eu surjo.
Sacudo os linhos da morte, jogo fora os vasos dos ungüentos, Já não tenho mais
necessidade deles, a fim de aparecer como a Beleza eterna, a eterna
Integridade.
Eu vou revestir-me de novo com uma veste que não é
desta Terra, e que tecida por Aquele que é o meu Pai, e que tece a seda dos
lírios virginais. Eu estou revestido de esplendor. Eu me orno agora com as
minhas chagas, que não soltam mais sangue, mas soltam da prisão a luz. Aquela
luz, que será a alegria de minha Mãe e dos bem-aventurados, e um terror
insuportável para a vista dos malditos e dos demônios, nesta terra e no último
dia.
O anjo de minha vida de homem e o anjo da minha
vida de dor estão prostrados diante de Mim, e adoram minha Glória. Aqui estão
os meus dois anjos. Um deles se sente feliz, por estar vendo Aquele que ele
guardava e que agora não tem mais necessidade da defesa angélica. O outro, que
viu as minhas lágrimas, para poder ver depois o meu sorriso, que viu a minha
batalha, para poder ver a minha vitória, que viu a minha dor, para poder ver a
minha alegria.
Eu estou saindo da horta que está cheia de botões
de flores e de orvalho. As macieiras estão abrindo suas corolas para fazerem um
arco de flores sobre a minha cabeça de Rei, e as ervas formam um tapete de
pedras preciosas e de corolas para o meu Pé, que volta a pisar na Terra
redimida, depois de ter sido levantado acima dela, para redimi-la. E os
primeiros raios do sol me saúdam, e também o vento suave de abril e a leve
nuvem que passa, junto com os passarinhos que estão por entre as ramagens. Eu
sou o Deus deles. Eles me adoram.
Passo por entre os guardas desfalecidos, símbolos
das almas em culpa mortal, que não percebem a passagem de Deus.
É a Páscoa, Maria. Esta é a passagem do Anjo de
Deus! A sua passagem da morte para a vida. Sua passagem para darem vida aos que
crêem em meu Nome. A Páscoa, a paz que passa pelo mundo. A paz, não mais velada
pela condição de homem. Mas livre, completa em sua eficiência divina que
voltou.
E Eu vou à minha Mãe. É bem justo que Eu vá a Ela.
Isto foi justo também para com os meus anjos. Mas bem mais justo o é para com
aquela que, além de ser minha guarda e conforto, ainda foi para Mim quem me deu
vida. Antes de voltar ao Pai com a minha veste de homem glorificada, Eu vou à
minha Mãe. Eu, no meu fulgor da minha veste paradisíaca e das minhas jóias
vivas. Ela pode tocar em Mim, Ela as pode beijar, porque Ela é a Pura, a Bela,
a Amada, a Bendita, a Santa de Deus.
O Novo Adão vai à Nova Eva. O mal entrou no mundo
pela mulher, e pela Mulher foi vencido. O Fruto da mulher desintoxicou os
homens da baba de Lúcifer. Agora, se eles quiserem, podem ser salvos. Ele
salvou a mulher, que ficou tão frágil depois da ferida mortal.
E, depois de ter ido à Pura, à qual, por direito de
Santidade e Maternidade, é justo que se dirija o Filho Deus, Eu me apresento à
mulher redimida, ao tronco de nossa raça, à representante de todas as criaturas
femininas que Eu vim livrar das mordidas da luxúria. Para que diga a elas que
se aproximem de Mim, a fim de ficarem sãs, e que tenham fé em Mim, e creiam na
minha misericórdia, que compreende e perdoa, e que, para vencerem a Satanás,
que tenta a concupiscência delas, que elas olhem para minha Carne, ornada com
cinco feridas.
Eu não me faço tocar por Ela. Ela não é a Pura que,
sem contaminá-lo, pode tocar no Filho, que está de volta para o Pai. Muito ela
tem que purificar-se por sua penitência. Mas o seu amor bem que merece esse
prêmio. Ela soube ressurgir, por sua vontade, do sepulcro do seu vicio,
estrangular a Satanás, que a possuía, desafiar o mundo por amor ao seu
Salvador, e foi aí que ela aprendeu a despojar-se de tudo que não fosse amor,
aprendeu a não ser mais do que um amor, que só existe por seu Deus. E Deus a
chama: “Maria” Escuta como ela lhe responde: “Raboni.” Nesse grito está o seu
coração.
E a Ela, que o mereceu, Eu a encarrego de ser a
mensageira da Ressurreição. E, uma vez mais, ela será um pouco escarnecida,
como se estivesse desvairada. Mas ela não se importa com o que dela os homens
pensam. Maria de Magdala é agora a Maria de Jesus, como lhe chamam os homens.
Ela me viu ressuscitado, e isso lhe dá uma alegria tal, que modera qualquer
outro sentimento.
Estás vendo como Eu amo até a quem foi culpado, mas
que quis sair da culpa? Nem a João Eu me mostrei em primeiro lugar. Mas, sim, à
Madalena. João já tinha recebido de Mim o grau de Filho. E ele o podia receber,
porque ele era puro, e podia ser um filho, não só espiritual, mas também quando
dava ou recebia, em suas necessidades, aqueles cuidados que nascem da carne,
prestando-os à Pura de Deus e dela os recebendo em suas necessidades e os
cuidados com que tratamos a nossa carne, tudo isso ela dava ou recebia como a
Pura de Deus. Madalena, a que ressuscitou para a Graça, foi a que teve, por
primeira, a visão da Graça ressuscitada.
Quando me amais, a ponto de vencer tudo por Mim, Eu
vos seguro pela cabeça e pelo coração adoentado, entre minhas mãos
traspassadas, e sopro em vosso rosto o meu poder. E Eu vos salvo, vos salvo, Ó
filhos que Eu amo. Vós, já tornados belos, sãos, livres, ó filhos que Eu amo.
Vós vos tornais os filhos queridos do Senhor. Eu faço de vós os portadores da
minha Bondade por entre os pobres homens, aqueles a quem dais testemunho da
minha Bondade para com eles, a fim de que eles fiquem persuadidos dela e de
Mim.
Tende, tende fé em Mim. Tende amor. Não tenhais
medo. Que Vos faça confiantes no Coração de vosso Deus tudo o que Eu padeci
para salvar-vos.
E tu, pequeno João, sorri agora, depois do pranto!
O teu Jesus não sofre mais. Não há mais sangue, nem feridas. Mas sim luz e mais
luz. Alegria e mais alegria. A minha luz e a minha alegria estejam em ti, até
que chegue a hora do Céu.”
( O Evangelho como me foi revelado -
Maria Valtorta, paginas 232 a 236.)
OBS:
Jesus chamava Maria Valtorta de pequeno João.
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