O ÚNICO DEUS VERDADEIRO
Diz Jesus:
“A
misericórdia abre as portas para a graça. Sede misericordiosos, e obtereis
misericórdia. Todos os homens são pobres em alguma coisa, uns em moedas, outros
em afetos, outros na liberdade, outros na saúde. E todos os homens têm
necessidade da ajuda de Deus, que criou o universo, e que pode como único Rei,
socorrer aos seus filhos.”
Ele
faz uma pausa, como para dar tempo aos ouvintes de escolherem se vão querer
ouvir, ou se querem ir aos banhos. Mas os banhos são deixados de lado pela
maior parte. Israelitas se aglomeram para ouvir, e alguns romanos escondem sua
curiosidade com uma brincadeira dizendo: “Hoje não falta nem um reitor, para
fazer deste lugar umas termas romanas.”
...Jesus
continua. “Ontem me foi dito: “É difícil fazer isso que Tu fazes.” Não. Não é
difícil. A minha doutrina se fundamenta no amor, e o amor não é difícil se ter.
Que é que prega a minha doutrina-- O culto de um verdadeiro Deus, e o amor ao
nosso próximo. O homem esse eterno menino, tem medo das sombras, e segue as
quimeras, porque não conhece o Amor.
O
Amor é sabedoria e luz.
É
sabedoria, porque desce para instruir.
É
luz porque vem para iluminar.
Lá
onde há luz, cessam as sombras, e onde há sabedoria, morrem as quimeras. Entre
os que escutam há gentios. Esses dizem: “Onde está Deus?” Dizem: “ Tu me
garantes que o teu Deus seja o verdadeiro?” Dizem: “Com que nos garantes que és
verdadeiro em Tuas palavras?” Não são somente os gentios que dizem isso. Outros
também me perguntam: “Como podes fazer estas coisas?” Com o poder que me vem do
Pai, que colocou todas as coisas a serviço do homem, sua criatura predileta, e
que me manda instruir os homens, meus irmãos. Pode o Pai, que deu às vísceras
deste solo o poder de tornar medicinais as águas das fontes, ter delimitado o
poder do seu Cristo? E quem como Deus, a não ser o Deus verdadeiro, pode
conceber ao Filho do homem, que faça os prodígios que criam os membros
destruídos? Em que templo de ídolos já se viu cegos recuperando a vista,
paralíticos o movimento, em qual deles já foram vistos moribundos que, diante
do “eu quero” de um homem, surgem mais sãos do que os sãos? Pois bem. Eu, para dar louvor ao Deus verdadeiro, para fazer que Ele
por vós seja conhecido e louvado, digo a estes aqui reunidos, seja qual for a
sua raça e religião, que terão a saúde que vieram pedir às águas, mas a obterão
de Mim, que sou a Água Viva, que dou a vida do corpo e do espírito a quem crê
em Mim e pratica a misericórdia com reto coração.
Eu
não peço coisas difíceis. Peço um movimento de fé, e um de amor. Abri o coração
para a fé. Abri o coração para o amor. Daí para terdes. Daí aos pobres moedas,
para terdes a ajuda de Deus. Começai a amar os irmãos. Sabei ter misericórdia.
Dois terços de dentre vós estão doentes por causa do egoísmo e da
concupiscência. Acabai com o egoísmo, refreai a concupiscência. Ganhareis em
saúde física e em sabedoria. Abatei a soberba. E sereis beneficiados pelo
verdadeiro Deus. Eu vos peço a esmola para os pobres, e depois vos farei o
presente da saúde.”
E
Jesus levanta uma aba do manto, e a estende para receber as esmolas. São muitas
moedas que os pagãos e os israelitas se apressam em jogar-lhe. E não são
somente moedas é que lhe são dadas, mas também anéis e outras jóias jogadas
despreocupadamente pelas mulheres romanas que, ao chegarem perto de Jesus,
ficam olhando para Ele, e algumas murmuram certas palavras que Jesus aprova ou
responde brevemente.
A
oferta terminou. Jesus chama os apóstolos para que conduzam até Ele os mendigos
e, com a mesma rapidez com que aquele pecúlio se havia formado, eis que ele
desaparece até a última moeda. Sobram as jóias, que Ele devolve às doadoras,
porque no lugar não há quem as admira, trocando-as por moedas. E, para consolar
as doadoras, Ele lhes diz: “O desejo tem
o mesmo valor que o ato. A oferta feita é preciosa, como se tivesse sido
distribuída, porque Deus vê o pensamento do homem.”
Depois,
Ele se põe de pé e grita: “De quem me vem o poder? Do verdadeiro Deus. Pai,
faze que resplendas no teu Filho. Em teu Nome, Eu ordeno às doenças: ide-vos
embora!”
E
já são muitas as vozes dos doentes que se levantam sãos, dos aleijados que se
põem de pé, dos paralíticos que se movem, do encherem-se de vida e cor os
rostos, dos olhos que agora brilham, dos gritos de Hosana, das felicitações
entre os romanos, entre os quais há duas mulheres e um homem que ficaram sãos,
e querem imitar os curados de Israel, e, não conseguindo ainda humilhar-se como
os hebreus, beijando os pés do Cristo, se inclinam, pegam uma das abas do manto
e a beijam.
Depois,
Jesus se afasta dali, e vai saindo do meio do povo. Mas não consegue sair,
porque, a não ser um ou outro gentio, ou algum hebreu ainda culpavelmente
obstinado, todos o vão acompanhando pela estrada que vai para Tariquéia.
(de
Jesus à Valtorta, Vol. 7, pgs.229 e 230)
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