MARIA DE ÁGREDA – DO LIVRO: MÍSTICA CIDADE DE DEUS
Vêm os três
Reis magos do oriente e adoraram o Verbo humanado em Belém.
Muito copiosa e clara foi esta ilustração sobre o mistério da Encarnação,
feita aos Reis. Foram informados que o Rei dos judeus havia nascido, Deus e
homem verdadeiro, o Messias e Redentor esperado, prometido pelas Escrituras e
profecias e como sinal para o encontrar, lhes seria mostrada a estrela
profetizada por Balaão. Entenderam também, cada um dos três Reis, que o mesmo
aviso era dado aos dois outros, e que tal prodígio e favor não devia ser
negligenciado, mas cumpria-lhes atender ao que a luz divina lhes inspirava. Neste ínterim, o santo Anjo enviado de Belém aos
reis, formou da matéria do ar uma estrela fulgurante, ainda que menor que as do
firmamento. Permaneceu na altura necessária para a finalidade de Sua formação,
e na região aérea guiaria os santos reis até à gruta do Menino Deus. Sua
claridade era nova e diferente da do Sol e das outras estrelas. De luz
belíssima, à noite brilhava como tocha claríssima, e de dia, mesmo ao esplendor
do Sol, podia ser vista. Ao sair de casa, cada um dos Reis viu a estrela, por
que se encontrava em posição e altitude que os três, em diferentes lugares,
puderam vê-la. Dirigindo- se pela estrela, logo se encontraram e quando se
reuniram, ela desceu consideravelmente na região do ar, de modo que gozavam
mais de perto de sua refulgência. Juntos, conferiram as revelações que haviam
recebido, suas resoluções, e viram que todos tinham o mesmo propósito. Esta
palestra aumentou-lhes o entusiasmo, devoção e desejos de adorar ao Menino Deus
recém-nascido. Encheram-se de admiração e enaltecendo o Todo-Poderoso em suas
obras e sublimes mistérios. Ao sair de
Jerusalém, os Magos avistaram novamente a estrela que desaparecera ao ali
entrarem. Seguindo sua luz chegaram a Belém, na gruta do nascimento. Ali a
estrela desceu, entrou, pousou sobre a cabeça do Menino Jesus iluminando-o com
seu brilho, em seguida, se desintegrou na matéria de que havia sido formada e
desapareceu. Fora nossa grande Rainha avisada pelo Senhor da vinda dos três
Reis. Quando se aproximavam da gruta, Ela avisou São José, pedindo-lhe que não
saísse e permanecesse ao seu lado.
A prudentíssima Senhora, porém, retirou a Sua e ofereceu a do Redentor
do mundo, dizendo: Meu espírito se
alegra no Senhor e minha alma O bendiz porque, entre todas as nações, vos
escolheu e chamou, para que com vossos olhos contempleis o Verbo feito homem, o
que muitos reis e profetas desejaram e não alcançaram. Exaltemos e bendigamos
Seu nome pelas misericórdias que derrama sobre Seu povo. Beijemos a terra que
santifica com Sua Real presença.
Não é extraordinário que isto acontecesse, porque mediante as palavras
de Maria Santíssima foram ilustrados pelo Espírito Santo e cheios de ciência
infusa sobre quanto perguntaram e ainda em outras muitas matérias. Recebeu a divina Mãe os dons dos reis e, em
nome deles, os ofereceu ao infante Jesus. Este, com agradável semblante,
demonstrou que os aceitava. Abençoou-os, de maneira que os Reis compreenderam
que retribuía os dons oferecidos, com abundância de Graças celestes, mais do
que cem por um. À divina Princesa ofereceram algumas jóias de grande valor,
segundo o costume de suas terras. Como, porém, isto não se referia ao mistério,
não as aceitou, e só ficou com os três dons de ouro, incenso e mirra. Para
enviá-los mais consolados, deu-lhes alguns panos nos quais envolvera o Menino
Deus. Não tinha, nem podia ter, prendas mais ricas para lhes oferecer. Receberam
os três reis estas relíquias, com tanta veneração e apreço, que as guardaram
guarnecendo-as com ouro e pedras preciosas. Em testemunho de Sua grandeza,
estas relíquias exalavam tanta fragrância que era percebida de quase uma légua
de distância. Este perfume, todavia, era sentido só pelos que tinham Fé na
vinda de Deus ao mundo. Os incrédulos não participavam dessa Graça e nada
sentiam. Com estas preciosas relíquias, operaram os Reis grandes milagres em
suas pátrias.
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