“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 23 de maio de 2016

COM AS DIFICULDADES REVELAM-SE AS VIRTUDES


 É na dificuldade que se provam as virtudes 

   Acabei de explicar como, sendo útil ao próximo, o homem manifesta seu amor por mim. Agora vou dizer como cada pessoa mostra possuir a paciência ao ser injuriada pelos outros; a humildade, quando se acha diante do orgulhoso; a fé, diante do infiel; a esperança, na presença de quem nada espera; a mansidão e a benignidade, ante o irascível. Todas estas virtudes revelam sua existência e são exercitadas no próximo, da mesma forma como é nele que os maus cometem seus pecados.
   Vê bem. É diante da soberba que aparece a humildade. O homem humilde vence o orgulho, pois o orgulhoso é incapaz de prejudicar quem é humilde. Do mesmo modo o descrente - que não me ama, nem em mim espera - não faz diminuir a fé do homem fiel ou a esperança daqueles que a possuem no coração por meu amor. Ao contrário, até as faz crescer e manifestar-se mediante o amor altruísta. Meu servidor, percebendo que se trata de um descrente ou desesperado que não confia em mim, nem nele - pois aquele que não me ama, também não acredita em mim, não confia em mim, mas deposita a sua afeição na própria sensualidade - meu servidor não deixa de amar verdadeiramente tal pessoa, certo de que ainda encontrará em mim a salvação. Como vês, o servidor fiel comprova sua fé na descrença e na desesperança alheia. Em casos semelhantes e em qualquer outro que ocorra, ele demonstra possuir a virtude.
   Assim, a virtude da justiça não diminui diante das injustiças; evidencia-se até, pois a justiça se revela na paciência. Também a benignidade e a mansidão são evidenciadas pela doce paciência no tempo do ódio; e o amor caridoso, todo cheio da sede e desejo da salvação alheia, torna-se visível diante da inveja, do desprezo e ódio. Mais ainda! Além de provar que são virtuosas, pagando o mal com o bem, tais pessoas frequentemente atiram brasas de amor, as quais consumirão a raiva e o rancor do coração do irascível, levando-o a passar da ira à benevolência. 
Tudo isso acontece, graças à caridade e perfeita paciência daquele que suporta a raiva e demais defeitos do malvado. Relativamente às virtudes da fortaleza e perseverança, elas são comprovadas mediante os longos sofrimentos, as ofensas, as difamações daqueles que procuram afastar o servidor fiel do caminho verdadeiro, seja com atrativos, seja com ameaças. Quando o servidor fiel possui a fortaleza interior, mostra-se realmente forte e perseverante, dando prova disso no contato com os homens. Quando alguém não resiste no tempo das contradições, é sinal de que não possuía uma virtude verdadeira.


(do Livro O Diálogo – Santa Catarina de Sena)

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