O MILAGRE DA MOEDA
DENTRO DO PEIXE PARA PAGAR A ENTRADA NO TEMPLO
Diz
Jesus:
“Que
me dizes Simão? Conforme as regras, os reis da terra, de quem recebem os
tributos e impostos? É dos próprios filhos ou dos estranhos?”
Pedro
tem um sobressalto, e diz: “Como sabes, Senhor, aquilo que eu te ia dizer?”
Jesus
sorri, fazendo um gesto, como para dizer: “Deixa para lá.”
Depois
diz: “Responde ao que te perguntei.”
“Dos
estranhos Senhor.”
“Portanto,
os filhos estão isentos deles, como de fato é justo. Porque um filho é do
sangue e da casa do pai e não deve pagar ao pai outra coisa senão o tributo de
amor e obediência. Por isso, Eu, Filho do Pai, não teria que pagar o tributo ao
Templo, que é a casa do Pai. Tu respondeste bem a eles. Mas, visto que há uma
diferença entre ti e eles, e é esta: tu crês que Eu sou o Filho de Deus e eles
e os que os mandaram não o crêem. Então, para não escandalizá-los, Eu pagarei o
tributo e logo, enquanto eles ainda estão aí na praça recebendo.”
“E
com que, se não temos nem uma moedinha?”, pergunta Judas, que se aproxima com
os outros. “Estás vendo como é necessário ter alguma coisa.”
“Nós
iremos pedir emprestado ao dono da casa”, diz Filipe.
Jesus
faz um sinal com a mão para que se calem, e diz: “Simão de Jonas, vá à beira do
mar e joga, o mais longe que puderes, uma linha de pescar, puxa a linha para
ti. Será um peixe grande. Na beira do mar, abre a boca dele e nela encontrarás
a moeda de um estáter. Pega-a, vai no encalço daqueles dois, e paga-lhes por
Mim e por ti. Depois, traze-nos o peixe. Nós o assaremos e Tomé nos fará a
caridade, com um pouco de pão. Nós comeremos e, em seguida, iremos àquele que
está para morrer. Tiago e André preparai as barcas, pois iremos com elas a Magdala,
e voltaremos a pé, de tarde, para não estorvarmos a pesca de Zebdedeu e do
cunhado de Simão.”
Pedro
lá se vai e logo depois já o vemos na beira, subindo para uma pequena barca,
que está pela metade sobre a água, e joga um cordel fino, munido de uma
pedrinha ou chumbo perto da ponta e terminando numa cordinha mais fina que a
linha verdadeira e propriamente dita. As águas do lago se abrem em borrifos de
prata quando aquele peso bate e se afunda nelas. Depois tudo volta a ficar
muito quieto, enquanto as águas se vão acalmando, depois de terem-se afastado
daquele ponto em círculos concêntricos...
Pouco
depois, a cordinha, que estava frouxa dentro das mãos de Pedro, de repente se
estica e vibra... Pedro puxa, puxa, enquanto a cordinha vai recebendo sacudidas
cada vez mais fortes. Por fim, ele dá um arranco e a cordinha vem toda para
fora com a sua presa, que está dando pinotes no ar, fazendo um arco acima da
cabeça do pescador e vindo cair sobre a areia amarelada, onde se contorce, pelo
espasmo que lhe causa o anzol nela agarrado e que lhe rasga o palato, e pela
asfixia que já começa.
É
um peixe muito bonito, que tanto tem de grosso como de rombudo, pesando uns
três quilos. Pedro lhe arranca o anzol dos beiços carnudos, enfia-lhe pela
garganta o seu dedo grosso e de lá tira uma grande moeda de prata. Levanta-a
entre o polegar e o indicador para mostrá-la ao Mestre, que está no parapeito do
terraço. Depois, recolhe a cordinha e a enrola, apanha o peixe e sai correndo
pela praça.
Os
Apóstolos estão todos assombrados... Jesus sorri e lhes diz: “E assim teremos
evitado um escândalo...”
Pedro
está de volta: “Eles estavam para vir até aqui. E com Eli o fariseu. Eu
procurei ser gentil como uma moça para com eles e os chamei dizendo: “Ó vós, os
enviados pelo fisco! Tomai. Estas são quatro dragmas, não é? Duas pelo Mestre e
duas por mim. E estamos quites, não é mesmo? Até a vista, no vale de Josafá, especialmente
contigo, meu caro amigo.” Eles ficaram ressentidos porque eu falei em “fisco”.
“Nós
somos do Templo, não do fisco.”
“Vós
cobrais taxas, como os arrecadadores. Todo arrecadador para mim é do fisco”,
respondi eu.
“Insolente!
Tu me desejas a morte?”
“Não,
amigo! De modo nenhum! Eu te auguro uma feliz viagem até o vale de Josafá. Tu
não vais pela Páscoa a Jerusalém? Então, poderemos encontrar-nos por lá, amigo”.
“Eu
não desejo e não quero que tomes a liberdade de me chamar de teu amigo.”
“De
fato, é honra demais”, respondi eu. E vim-me embora. O bonito mesmo foi que lá
estava metade de Cafarnaum e me viu pagando por Ti e por mim. E aquela velha
serpente não poderá dizer mais nada.”
Os
Apóstolos todos devem ter rido do que Pedro contou e dos seus gestos. Jesus
quer ficar sério, mas um leve sorriso escapa de seus lábios enquanto Ele diz: “És
pior do que mostarda”, e termina: “Assai o peixe e vamos logo. Ao pôr-do-sol Eu
quero estar aqui novamente.”
(
de Jesus à Valtorta, Vol.5, pgs. 364, 364, 366)
OBS: Apenas para enriquecer este texto, um pouco antes destes
acontecimentos, Judas, o apóstolo traidor, questionou Jesus por Ele estar
sempre sem dinheiro, e Jesus lhe respondeu:
“Que nós estejamos sem uns trocados é muito bom. Assim irá brilhar
a paternidade de Deus até nas coisas mais humildes.”
Mas, o apóstolo mau continuou a questionar, e Jesus completa:
“É o meu melhor valor ser um homem que não valho nada para a vida
material... E repito: é muito bom estar sem uns trocados.”
E Jesus disse estas frases sorrindo.
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