DAR TEMPO
PARA O ARREPENDIMENTO
“Oh! Se Deus devesse dar o perdão somente
a quem o pede! E ferir logo a quem depois da culpa, não procura logo
arrepender-se! Tu não te sentiste nunca perdoado antes de te teres arrependido?
Podes mesmo dizer que te arrependeste e que por isso já estás perdoado?”
“Mestre, eu...”
“Ouvi-me vós todos, porque entre vós
acham que Eu errei, e que Judas está com a razão. Aqui estão Pedro e João. Eles
ouviram o que Eu disse à mulher, e vo-lo podem repetir. Eu não fui um tolo ao
perdoar. Eu não disse o que já disse a outras almas, às quais eu perdoava,
porque elas estavam completamente arrependidas. Mas Eu dei modo e tempo àquela
alma para chegar ao arrependimento e à santidade, se quiser consegui-los.
Recordai-vos disso, para quando fordes mestres das almas.
Duas coisa é preciso que se tenha, para
se poder ser verdadeiros mestres. Primeira coisa: uma vida austera para consigo
mesmos, de modo a poder julgar sem as hipocrisias de condenar nos outros o que
nós a nós mesmos nos perdoamos. Segunda: uma paciente misericórdia para dar às
almas um modo de ficarem sãs e robustecidas. Nem todas as almas ficam sãs
instantaneamente de suas feridas. Algumas o fazem por fases sucessivas, e
algumas vezes lentas, e sujeitas a recaídas. Expulsá-las, condená-las,
amedrontá-las não é a arte de um médico espiritual. Se vós as expulsais, por vós
mesmos elas voltarão por ricochete, a cair nos braços dos falsos amigos e
mestres. Abri os vossos braços e os vossos corações, sempre para as pobres
almas. Que elas encontrem em vós um verdadeiro e santo confidente, sobre cujos
joelhos não se envergonhem de chorar. Se vós as condenardes, privando-as de uma
ajuda espiritual, sempre mais fareis que elas se tornem doentes e fracas. Se
vós fazeis que elas fiquem com medo de vós, e de Deus, como poderão levantar
seus olhares para vós e para Deus?
O homem encontra como seu primeiro juiz o
homem. Somente o ser que vive espiritualmente é o que sabe encontrar em
primeiro lugar a Deus. Mas a criatura que já chegou a viver espiritualmente não
cai em culpas graves. Sua parte humana pode ainda ter fraquezas, mas seu espírito
é forte e vela, e suas fraquezas não se transformam em culpas graves. Enquanto
que o homem, que ainda muito carne e sangue, peca e encontra o homem. Mas, se o
homem que o deve levar a Deus e formar o seu espírito, lhe incutir medo, como é
que o culpado pode ter confiança nele, se o abandonar? Como poderá dizer: “Eu
me humilho, porque creio que Deus é bom e perdoa”, se vê que o seu semelhante
não é bom?
Vós deveis ser um termo de comparação, na
medida daquilo que é Deus, assim como uma pequena moeda é uma parte que nos
ajuda a compreender o valor que a tem um talento. Mas, se vós sois cruéis com
as almas, vós, pequenas moedas que sois uma parte do Infinito, e o
representais, como crerão então eles que seja Deus? Que dureza intransigente
pensarão que haja nele?
(de Jesus à Valtorta, Vol.7)
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