A FONTE DE
EN ROGEL
“Agora nos demoraremos por aqui
um pouco. É sempre um lugar de boa evangelização.”
“Não mais do que os outros. Não
sei porque preferes este.”
“Por que, Judas? Por muitas
razões, que Eu direi aos que se unem e por uma que Eu vos digo a vós em
particular. Neste poço da fonte de Rogel, foi onde pararam, incertos e
decepcionados os três Sábios do Oriente, pois foi neste ponto que desapareceu a
estrela, que os havia guiado desde tão longe. Qualquer outro homem teria
desconfiado de Deus e de si mesmo. Eles rezaram até a manhã seguinte, ao lado
de seus camelos já cansados, os únicos que estavam acordados no meio dos servos
já adormecidos, e, tendo chegado a manhã, levantaram-se, dirigindo-se para as
portas, desafiando até um perigo de vida. Reinava Herodes, o sanguinário.
Lembrai-vos disso. E bastava até muito menos do que a frase que eles, os Sábios
queriam dizer-lhe, para que ele decretasse a morte deles. Mas eles Me estavam
procurando. Não estavam indo atrás de glória, riquezas e honras. Procuravam a
Mim somente. Um pequenino era o Messias deles, o Deus deles. A procura de Deus
porque é boa, dá sempre todas as ajudas e a coragem. Os medos, as coisas baixas
são a herança de quem só sonha com coisas baixas. Eles suspiravam por adorar a
Deus. Eram fortes, por causa desse seu amor. E poucas horas depois, seu amor
teve um prêmio, por que aqui, em uma noite de luar, reapareceu-lhes a estrela,
a seus olhos. A estrela de Deus não falta nunca a quem, com justiça e amor,
procura a Deus. Os três Sábios! Podiam fazer uma parada por entre as falsas
honrarias que Herodes lhes prestaria, depois da resposta dos príncipes dos
sacerdotes, dos escribas e doutores. Eles bem que estavam tão cansados!... Mas
não pararam nem por uma noite e, antes que fechassem as portas da cidade,
saíram para fazer sua parada até à aurora. Depois... não a aurora do sol, mas a
aurora de Deus reapareceu, para fazer virar de prata a estrada, a Estrela os
chamou com suas luzes, e eles foram para a Luz. Felizes deles e de quem os sabe
imitar!”
Os apóstolos e Marziam, com
Isaque, estão atentos a escutar com aquele rosto feliz, que eles sempre têm,
quando Jesus relembra o seu nascimento, e Isaque concorda, suspira, sorri, ao
lembrar-se com um rosto extático, longe daquele lugar e daquele tempo, tendo
voltado atrás, há mais de trinta anos, aquela noite, aquela estrela, que ele
viu com toda a certeza, quando estava no meio do seu rebanho.
Outras pessoas se aproximam, pois
a estrada é de grande movimento, e ficam escutando, e algumas se lembram de
fantástica caravana e da notícia que ela trouxe...e, das conseqüências dela.
“Este é sempre um lugar de
conselho. A história sempre se repete. Este é um lugar de prova. Para os bons e
para os maus. Mas toda a vida é uma prova de fé e da justiça do homem.
Eu vos lembro a fidelidade de
Cusai, de Sadoque e de Abiatar, de Jônatas e de Aquimás, que deste lugar
partiram para salvarem o seu rei, e foram protegidos por Deus, porque agiam com
Justiça. Eu vos lembro um acontecimento conexo a este mesmo lugar, e que não
terminou bem, porque foi um abuso, e por isso não foi abençoado por Deus. Perto
da pedra de Zoelet, junto à fonte de Rogel, Adonias conspirou contra a vontade
de seu pai, e se fez proclamar rei pelos do seu partido. Mas não lhe foi
favorável o abuso, porque, antes que terminasse o banquete, os hosanas que
ressoaram em Gion o fizeram ciente, antes mesmo que lhe falasse o Jônatas de Abiatar,
de que Salomão era o rei, e ele, que havia querido usurpar o trono, devia
confiar somente na misericórdia de Salomão.
São muitos os que repetem os
gestos de Adonias e combatem o verdadeiro Rei, ou conjuram contra Ele, seguindo
o partido que parece ser o mais forte. E muito poucos, assim fazendo saberão
depois aproximar-se do altar, pedindo perdão e confiados na misericórdia de Deus.
Poderemos nós que acabamos de
relembrar três acontecimentos que houve junto a este poço, dizer que o lugar
está sujeito a influxos bons ou não bons? Não. Não é o lugar. Nem o tempo. Não
são os acontecimentos, mas é a vontade do homem que perturba as ações do homem.
Em Rogel viu a fidelidade dos servos de Davi e o pecado de Adonias, assim como
viu a fé dos três Sábios. O poço é o mesmo. Sobre suas pedras e em suas águas
mataram a sede e buscaram apoio Jônatas e Aquimaas, o Adonias e os seus, bem
como os três Sábios. Mas a água e as pedras viram três coisas diferentes: uma
fidelidade ao rei Davi, uma traição ao rei Davi e uma fidelidade ao Rei dos
reis. É sempre a vontade do homem que faz que se realize o bem ou o mal. E sobre
a vontade do homem projeta suas luzes a Vontade de Deus, e os vapores venenosos
a vontade de Satanás. Compete ao homem acolher a luz ou o veneno, e tornar-se
justo ou pecador.
Junto a este poço foi colocado um
guarda, a fim de que ninguém corrompa as águas. E, além do guarda, foram-lhe
dados uns muros e um teto para que o vento não jogasse dentro dele folhas e
sujeiras que contaminassem as águas preciosas. Também ao homem Deus colocou um
guarda: é a vontade inteligente e consciente do homem, e, ale, disso alguns
reforços: os mandamentos e conselhos angelicais, para que o espírito do homem
não fosse corrompido cientemente, ou sem o saber. Mas, quando o homem corrompe
a sua consciência, a sua inteligência, já não ouve as inspirações do Céu, viola
a Lei, e é como um guarda que deixa de guardar o poço, ou como um doido que
desmantela as defesas. Ele depois deixa indefeso o campo para os inimigos
satânicos, para as concupiscências do mundo e da carne e para que não sejam
aceitas as tentações sempre é prudente estar atentos contra elas e repeli-las.
Filhos de Jerusalém, hebreus,
prosélitos, viajantes por acaso aqui reunidos para ouvirdes a palavra de Deus,
sede sábios com a verdadeira sabedoria, que consiste em saber defender o
próprio eu das ações que desonram o homem.
Estou vendo aqui muitos gentios.
A eles Eu digo que não basta ficar somente adquirindo riquezas e mercadorias,
mas há uma outra coisa, que é a vida para a própria alma. Porque o homem tem
uma alma em si, uma coisa impalpável. Mas é ela que o faz estar vivo, é uma
coisa que não morre, mesmo depois que a carne já morreu, uma coisa que tem o
direito de viver a sua verdadeira e eterna vida, e que o homem não pode viver,
se matar o seu verdadeiro ser com as suas mas ações.
A idolatria e a gentilidade não
são coisas difíceis de ser superadas. O sábio medita, e diz: “Por que terei eu
de dar culto aos ídolos, e viver sem a esperança de uma vida melhor, ao passo
que, caminhando para o verdadeiro Deus, poderei conquistar a alegria para
sempre?” O homem sobre-estima seus dias nesta vida, e a morte lhe causa horror.
Quanto mais ele estiver envolvido nas trevas das religiões falsas, ou na falta
de fé, tanto mais ele teme a morte. Mas aquele que adere à verdadeira fé, não
sentirá mais horror a morte, porque sabe que depois da morte há uma vida
eterna, na qual os espíritos se encontrarão, e não haverá mais sofrimentos nem
separações. Não é difícil sugerir o caminho da Vida. Basta crer no Único Deus
verdadeiro, amar o próximo e amar a honestidade em todas as ações.
Vós de Israel sabeis quais são as
coisas mandadas e quais as proibidas. Mas Eu digo a estes que estão ouvindo e
que levarão para longe consigo as minhas palavras, que são estas coisas...( e
diz o Decálogo). A verdadeira religião consiste nisto, e não nos sacrifícios
vazios e pomposos. Obedecer os preceitos de uma moral perfeita, de uma virtude
sem defeito, usar de misericórdia, fugir daquilo que desonra o homem, deixar a
vaidade, as adivinhações do erro, os augúrios mentirosos, os sonhos dos maus,
como diz o livro sapiencial, usar com justiça os dons de Deus, isto é, a saúde,
a prosperidade, as riquezas, a inteligência, o poder, não ter soberba que é um
sinal de estultice, porque o homem é vivo, são, rico, sábio, poderoso, enquanto
Deus lho concede, não ter desejos exagerados, que as vezes conduzem até ao
delito. Viver numa palavra como homens e não como animais, e com uma dignidade
também para consigo mesmos.
Descer é fácil, subir de novo é
difícil. Mas quem gostaria de viver em um abismo podre, só porque lá caiu, e
não procuraria sair dele, subindo de novo para os cumes floridos e cheios de
sol? Em verdade, Eu vos digo que a vida do pecador está situada em um abismo e,
portanto no erro. Mas aqueles que acolhem a Palavra da Verdade, e vem a
Verdade, sobem para os cumes, para a Luz.
Ide agora todos para os vossos
trabalhos. Mas lembrai-vos de que junto à Fonte de En Rogel, a Fonte da
Sabedoria vos deu de beber as suas águas para que não tenhais mais sede e
volteis a Ela.
(de Jesus à Valtorta, Vol. 7,
pgs. 456 a 460)
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