“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

domingo, 31 de janeiro de 2016

JESUS FAZ CESSAR UMA TEMPESTADE


JESUS FAZ CESSAR UMA TEMPESTADE

“Estais vendo como se está bem aqui? Não é melhor aqui do que em um pobre palácio do rei? Onde me acharíeis melhor, e mais poderoso, mais afável, mais rico de tesouros sem fim, senão ao me terdes como Salvador, Redentor, Rei espiritual e Amigo amoroso?”
“É verdade. É verdade. Oh! Eles nos seduziram, e parecia-nos te estar prestando honras, e que o pensamento deles fosse justo.”
“Não penseis mais nisso. Já passou. Pertence ao passado. Deixai que o tempo, passando veloz, como um turbilhão que nos está atacando, o leve para longe e o perca para sempre... Mas entremos em casa. Não é possível ficarmos aqui...”
E, de fato, é um verdadeiro turbilhão, o que se arroja, vindo do norte, sobre o povoado. Galhos são arrancados, telhas estão voando, um ou outro dos pequenos muros dos terraços sobre os tetos, caem com fragor. A nogueira e a macieira se torcem, como se quisessem arrancar-se do chão.
Entram em casa, e os quatro apóstolos olham, espantados o rosto ainda úmido dos dois discípulos, por causa das lágrimas, em contraste com o sorriso que agora está em seus rostos, Mas não dizem nada.
“Alguma desgraça está para acontecer”, diz o velho João.
“Sim. Aqueles que agora estão debaixo das cabanas, não sei como farão...”, diz Pedro.
O vento está tão forte, que as chamas de uma candeia de três bicos que foram acesos para iluminar o quarto fechado, estão vacilando, mesmo com as portas fechadas. Com o grande barulho que o vento está fazendo, e ao levantar por sobre a casa o terriço e os detritos, a tal ponto que parece estar caindo uma chuva de granizo muito miúdo, a tudo isso se ajuntam os gritos das mulheres, ouvidos cada vez mais perto. São as esposas espantadas e as mães angustiadas: “Ai de nossos maridos! Ai de nossos filhos. Eles estão na estrada. Estamos com medo. Um muro da casa abandonada já caiu... Senhor! Jesus! Piedade.”
Jesus põe-se de pé, abre com dificuldade a porta, que o vento está empurrando com toda a sua violência. Algumas mulheres, que se inclinaram para melhor poderem resistir ao vento, -- uma verdadeira tromba de ar, sob um céu apavorante – gemem estendendo os braços.
“Entrai. Não temais!, diz Jesus. Ele olha para o céu e para as árvores que já estão para ser arrancadas.
“Vem para dentro, Jesus! Não vês como os galhos já estão sendo arrancados e as telhas estão caindo? Não é prudente ficar do lado de fora”, grita Judas de Alfeu.
“Pobres oliveiras! Agora é chuva de pedras! Onde ela está caindo, acabaram de fazer a colheita”, diz Pedro.
Jesus não vai para dentro. Ao contrário, sai completamente para fora, no meio do turbilhão, que lhe torce a veste e faz esvoaçarem seus cabelos. Ele abre os braços, reza, e depois dá esta ordem: “Basta! Assim Eu quero!” E torna a entrar em casa.
O vento dá um último gemido, e cessa de repente. É impressionante o silêncio que se faz, depois daquele fragor todo tão estranho que, nas casas vêem-se nas janelas os rostos assombrados. O que sobra são os sinais do aeromoto: as folhas, os galhos quebrados, os farrapos das tendas. Mas está tudo quieto. O firmamento responde à terra, não mais transtornada, mas com o amenizar-se das nuvens que, de escuras se tornam claras, espalham-se sem fazer mal, mas deixando cair uns borrifos de chuva, que acaba de purificar o ar, que ficou ainda turvo de tanta poeira.
“Mas, que aconteceu?”
“Terminou assim?”
“Parecia o fim de tudo, e agora o tempo está sereno.”
São estas as perguntas que estão fazendo em cada uma das casas. As mulheres, que haviam recorrido a Jesus, saem para fora.
“O Senhor! O Senhor está conosco! Ele fez o milagre! Fez o vento parar! Rasgou as nuvens! Hosana! Hosana! Louvor ao Filho de Davi. Paz! Bênção! Cristo está conosco! Conosco está o Bendito! O Santo! O Santo! O Messias está conosco! Aleluia!”
O povoado derrama para fora todos os seus moradores reais e os ocasionais, isto é, os apóstolos e discípulos, que acorrem todos para a casinha onde está Jesus. Todos querem beijá-lo, tocar nele, exaltá-lo.
“Louvai ao Senhor Altíssimo. Ele é o dono dos ventos e da águas. Se Ele ouviu ao seu Filho assim o fez para premiar a fé e o amor que vós tendes tido para com Ele.”
E quereria despedir-se deles. Mas, quem é que pode acalmar um povoado em festa, agitado por um evidente milagre? Especialmente quando é um povoado cheio de mulheres. Os esforças de Jesus foram em vão. Ele sorri, paciente, enquanto o velho, que o hospeda, o lava com suas lágrimas, e lhe beija a mão esquerda.
Eis os primeiros homens ofegantes, apavorados, que estão chegando de volta de Jerusalém. Talvez estejam com medo de alguma desgraça. Mas eles estão vendo o povo em festa. “Que é? Que houve? Mas não tivestes uma tempestade? Lá do monte se via como a cidade ia desaparecendo sob nuvens de poeira. Nós pensávamos que ela estivesse destruída. Mas aqui está tudo salvo!”
“O Senhor! Foi o Senhor! Ele veio a tempo para salvar-nos da ruína. Somente caiu a casa maldita e alguma telha, algum galho. E a vós? Que aconteceu em Jerusalém?”
As perguntas e as respostas se cruzam. Mas os homens abrem caminho para irem venerar o Salvador. Somente depois é que explicam que na cidade o medo era da tempestade iminente, e que todos fugiam das cabanas para as casas e que os donos dos olivais já estavam chorando, pensando na colheita... quando, de repente o vento se acalmou e o céu foi clareando com pouca chuva... e que a cidade estava assombrada. E, como a fantasia trabalha rapidamente em certos casos, os homens contavam que, enquanto o povo ia fugindo, muitos que tinham ficado no Templo nos dias anteriores, vendo que o Monte Mória era o mais atacado pelas rajadas, a tal ponto que os bancos dos trocadores de moedas haviam sido derrubados e que estragos haviam sido feitos na casa do Pontífice. E diziam que era o castigo de Deus pelos insultos feitos ao Messias. E por aí afora... Quanto mais homens iam chegando, com mais cores iam contando a história. Em alguns momentos torna-se mais apocalíptica a história do que a do dia da Sexta-Feira Santa...


(de Jesus à Valtorta, Vol. 7. Pgs. 432 a 436)

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