“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 5 de dezembro de 2015

JESUS E OS DOUTORES DA LEI


JESUS E OS DOUTORES DA LEI


“Vós, ó fariseus, lavais o cálice e o prato, e lavais vossas mãos e vossos pés, como se o prato e o cálice, as mãos e os pés tivessem que entrar em vosso espírito, que vós gostais de proclamar que é puro e perfeito. Mas não sois vós, e sim Deus, que pode proclamar essas coisas. Pois bem. Ficai sabendo o que é que Deus pensa do vosso espírito. Deus pensa que ele está cheio de mentira, de sujeira e de rapina, cheio de iniqüidades, e que nada do exterior pode corromper aquilo que já está corrompido.
Mas, quem fez o vosso espírito, como fez também o vosso corpo, não pode exigir, pelo menos em medida igual, que tenhais um respeito às coisas interiores, como tendes para as coisas exteriores? Ó estultos que sois, mudando os dois valores, invertendo o poder deles! Não quererá o Altíssimo um maior cuidado com o espírito, feito à sua semelhança, e que pela corrupção perde a Vida Eterna, do que com a mão e o pé, cuja sujeira pode ser limpada com facilidade, e que, se por acaso ainda continuassem sujos, não teriam nenhuma influência sobre a limpeza interior? E pode Deus preocupar-se com a limpeza de um cálice ou de uma bandeja, quando essas coisas são apenas coisas sem alma, e não podem influir sobre a vossa alma?
“Eu estou lendo o teu pensamento, Simão Boetos. Não. Ele não tem consistência. Não é por um pensamento de saúde, não é para a proteção de vossa carne, de vossa vida, que vós tomais esses cuidados e praticais essas purificações. Os pecados carnais, especialmente os pecados da gula, das intemperanças, das luxúrias são certamente mais nocivos à carne do que um pouco de poeira sobre as mãos ou sobre um prato. Contudo, vós os praticais, sem preocupar-vos de cuidar de vossa existência e da incolumidade dos vossos familiares. E fazeis pecados de outras espécies, porque, além da contaminação do espírito e do vosso corpo, o esbanjamento de vossas forças, a falta de respeito para com os familiares, as faltas feitas para com o Senhor pela profanação do vosso corpo, no qual deveria estar o trono para o espírito Santo. E a ofensa pelo juízo que fazeis de que vós deveis proteger das doenças que vêm de um pouco de poeira, como se Deus não pudesse intervir para proteger-vos das doenças físicas, se a Ele recorrêsseis com espírito puro.
Mas aquele que criou o interior, por acaso não criou também o exterior, e vice-versa? E não é o interior a parte mais nobre e marcada pela presença de Deus? Fazei, então obras que sejam dignas de Deus, e não essas mesquinharias, que não se elevam acima da poeira, com a qual, e da qual são feitas, da pobre poeira que é o homem em seu corpo, em sua estrutura como criatura animal, um barro ao qual se deu forma,e que volta ao pó, um pó que o vento dos séculos espalha. Fazei obras que permaneçam, que sejam dignas do Rei, e santas, obras que mereçam a coroa da bênção divina. Fazei caridade, e daí esmola, sede honestos, sede puros em vossas obras, em vossas intenções, mesmo sem recorrer à água de vossas abluções, tudo será puro em vós.
Mas, que é que estais achando? Que estais certos, porque pagais os dízimos dos aromas? Não.
Ai de vós, ó fariseus, que pagais os dízimos da hortelã e da arruda, da mostarda e do cominho, do funcho e de todas as outras hortaliças, mas vos descuidais da justiça e do amor a Deus. Pagar os dízimos é um dever, e se cumpre. Mas há outros deveres, e que também são cumpridos. Ai de quem observa as coisas exteriores, e se descuida de observar as interiores, baseados sobre o amor a Deus e ao próximo.
Ai de vós, ó fariseus, que amais os primeiros lugares nas sinagogas e nas reuniões, e gostais de ser reverenciados nas praças, mas não pensais em fazer os obras que vos dêem um lugar no Céu, e mereçam para vós a reverência dos anjos. Vós sois parecidos a uns escondidos, que ficam sem serem observados por quem passa por perto deles e não sente arrepios, mas que arrepios sentiria, se pudesse ver o que é que está fechado dentro deles. Deus porém, vê todas as coisas até as mais ocultas, e não se engana ao julgar-vos.”
Jesus é interrompido por um doutor da Lei, que se levanta, e põe-se de pé para contradizê-lo. “Mestre, falando assim nos ofendes, logo a nós, e isso não te convém, porque nós devemos te julgar.”
“Não. Não vós. Vós não podeis julgar-me, vós é que sereis os julgados e não juízes, e quem vos julga é Deus. Vós podeis falar, emitir sons por meio de vossos lábios. Mas nem mesmo a voz mais poderosa é capaz de chegar aos Céus, nem percorre toda a terra. Num pequeno espaço de tempo, volta o silêncio... E, depois de pouco tempo, vem o esquecimento. Mas o julgamento de Deus é uma voz que permanece, e não está sujeita a esquecimentos. Séculos e séculos já se passaram, desde quando Deus julgou a Lúcifer, e julgou a Adão. Mas a voz daquele juízo não emudeceu. E as conseqüências daquele juiz ainda existem. E, se aos homens, por meio do Sacrifício perfeito, o juízo sobre o ato de Adão continua sendo o que é, e é chamado “Culpa de origem”, assim o será sempre. Os homens serão redimidos, lavados por uma purificação superior a qualquer outra, mas nascerão com aquele sinal, porque Deus decretou que aquele sinal deva estar em todos os nascidos de mulher, menos para aqueles que, não por obra de homem, mas pelo Espírito Santo, foi feito e para a Preservada e o Pré-santificado, virgens para sempre. A Primeira, para poder ser a Mãe de Deus, e o segundo para poder vir à frente do Inocente, nascendo já limpo, pela fruição antecipada dos méritos infinitos do Salvador Redentor.
E Eu vos digo que Deus vos julga... E vos julga, dizendo:
“Ai de vós, doutores da Lei, porque sobrecarregais o povo com pesos insuportáveis, transformando em castigo o paterno Decálogo, pelo Altíssimo dado ao seu povo.” Ele com amor e por amor o havia dado para que o homem fosse ajudado por um justo guia, o homem, esse eterno imprudente, e ignorante menino. E vós, em vez das amorosas andadeiras com que Deus havia ajudado as suas criaturas, a fim de que pudessem andar para a frente, pelo seu caminho, e apertá-las sobre seu coração, substituístes as andadeiras por montanhas de pedras agudas, pesadas, atormentadoras, com um labirinto de prescrições, um íncubo de escrúpulos, pelo qual o homem fica esmagado, extraviado, e para, e fica com medo de Deus, como de um inimigo. Vós criais obstáculos para a ida dos corações a Deus. Vós separais o Pai dos filhos. Vós negais, com as vossas imposições, esta doce, bendita, verdadeira Paternidade. Vós, porém, os pesos que dais aos outros não quereis, nem com um dedo, tocar neles. Vós vos julgais justificados, só por haver-lhes dado aqueles pesos. Mas, ó estultos, não sabeis que sereis julgados por aquilo que houverdes julgado ser necessário para a salvação? Não sabeis que Deus vos dirá: “Vós dizeis que era sagrada e justa a vossa palavra. Pois bem. Eu também a julgo assim. E, visto que a impusestes a todos, e pelo modo como foi acolhida e praticada é que tendes julgado os irmãos, eis que Eu vos julgo pela vossa palavra. E, pois que não fizestes o que dissestes a eles que fizessem, sede condenados!”
Ai de vós que ergueis sepulcros para os profetas, que os vossos pais mataram. E, por que não? Achais que com isso diminuireis a gravidade da culpa de vossos pais? E que a anulareis aos olhos dos pósteros? Não, pelo contrário. Vós dais testemunhos desses atos dos vossos pais. Não somente isso. Mas os aprovais, e estais prontos para imitá-los, erguendo depois um sepulcro em honra do profeta perseguido, para poderdes dizer: “Nós lhe prestamos honras”. Hipócritas! É por isso que a sabedoria de Deus disse: “Eu lhes mandarei profetas e apóstolos. E deles eles matarão alguns, perseguirão a outros, para que se possa exigir desta geração o sangue de todos os profetas, que foi derramado desde a criação do mundo até hoje, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o Santuário.”
Sim. Em verdade, em verdade, Eu vos digo que de todo esse sangue de santos será pedida conta a esta geração, que não sabe distinguir onde é que está Deus e persegue o justo, e o mata, porque o justo é a prova viva da injustiça deles.
Ai de vós, doutores da Lei, que usurpais a chave da ciência, e fechais o templo para não entrardes nele, a fim de por ela serdes julgados, e não permitistes que os outros lá entrassem. Porque vós sabeis que, se o povo fosse doutrinado pela verdadeira Ciência, isto é, pela Sabedoria santa, poderia julgar-vos. Por isso vós preferis que ele fique ignorante, para que não vos julgue. E vós me odiais, porque Eu sou a palavra da Sabedoria, e gostaríeis de ver-me fechado, antes do tempo, em um cárcere, em um sepulcro, para que Eu não falasse mais.
Mas Eu falarei, enquanto ao Pai agradar que Eu fale. E depois falarão as minhas obras, mais ainda do que as minhas palavras. E falarão os meus merecimentos, mais ainda do que as minhas obras, e o mundo será instruído, e ficarão sabendo, e vos julgará, o primeiro juízo é sobre vós. Depois virá o segundo, o juízo singular, na morte década um de vós. E finalmente o último, o Universal. E vos lembrareis deste dia, e destes dias, e vós sozinhos, conhecereis o Deus terrível, que vos tereis esforçado para apresentar como uma visão de íncubo, diante do espírito dos simples, enquanto vós, no interior do vosso sepulcro, tiverdes zombado dele e do primeiro e principal mandamento: O Amor, até o último dado no Sinai, pois não tivestes respeito a ele, e desobedecestes.
Inutilmente, ó Elquias, é que não tenhas figurações em tua casa. Inutilmente, ó vós todos, que não tenhais objetos esculpidos em vossas casas. No interior de vossos corações é que tendes o ídolo, muitos ídolos. Um deles é que vós creiais uns deuses, os das vossas concupiscências.
Vinde, vós. Vamos embora.”


(de Jesus à Valtorta, Vol 6, pgs.363 a 367)

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