TODOS NÓS SOMOS FILHOS DE UM ÚNICO PAI.
“Ainda que pareça não haver
parentesco, ele sempre existe entre os homens. É aquele parentesco por parte do
único Criador, que foi o mesmo para todos. E, se depois os filhos de um Pai
único se foram separando, isso não significa que se alterou o liame de origem,
assim como não fica mudado o sangue de um filho, quando ele abandona a casa
paterna. Nas veias de Caim estava o sangue de Adão, mesmo depois que seu delito
o obrigou a fugir pelo mundo a fora. E nas veias dos filhos nascidos depois das
dores de Eva, que gemeu sobre o cadáver de seu filho assassinado, estava o
mesmo sangue que circulava nas do distante Caim. A mesma coisa, e ainda com
mais razão, se pode falar sobre a igualdade entre os filhos do Criador.
Estão eles dispersos? Sim. Estão exilados?
Sim. São culpados? Sim. Falam eles outras línguas, e crêem em outra fé, por nós
não aceitas? Sim. Estão eles corrompidos por suas uniões com os pagãos? Sim.
Mas a alma deles veio de Um só, e há de ser sempre ela, ainda que ferida,
desviada, exilada, corrompida... Ainda que seja um motivo de dor para Deus Pai,
ela é sempre uma alma por Ele criada. Os filhos bons de um Pai muito bom devem
ter sentimentos bons. Bons para com o Pai, bons para com os irmãos, tais como
eles se tornaram, porque são filhos de um mesmo Pai. Bons para com o Pai,
procurando consolá-lo em sua dor, fazendo voltar a Ele os filhos causadores de
sua dor, ou porque são pecadores, ou se tornaram apóstatas, ou porque são
pagãos. Bons para com os próprios homens, porque eles têm uma alma, que veio do
Pai, e está encerrada num corpo culpado, embrutecida, tornada obtusa por alguma
religião errada, mas sempre uma alma do Senhor, igual à nossa.
Lembrai-vos, ó vós de Israel, de que não há
ninguém, ainda que fosse o idólatra mais afastado de Deus, por sua religião
idolátrica, ainda que fosse o mais pagão entre os pagãos, ele não estaria
absolutamente privado de um traço de sua origem. Lembrai-vos, ó vós, que
errastes, ao afastar-vos da justa Religião, descendo a uma mistura de sexos que
a nossa Religião condena e, ainda que vos pareça que o que era Israel já morreu
em vós, e morreu sufocado pelo amor a um homem de fé e raça diferente, morto
não está. É alguém que ainda está vivo. É Israel. E vós tendes o dever de
soprar sobre esse fogo que está morrendo, de sustentar a labareda, que subsiste
ainda por vontade de Deus, para fazê-la crescer acima do amor carnal. Este
acaba com a morte.
Lembrai-vos disso. E vós, vós, quem quer que
sejais, que estais vendo, e muitas vezes ficais horrorizados, ao verdes os
híbridos conúbios de filhas de Israel com alguém de outra raça ou de outra fé,
lembrai-vos que tendes a obrigação, o dever de ajudar com caridade a irmã
extraviada, para que ela reencontre os caminhos do Pai. Esta é a nova Lei,
santa e agradável ao Senhor: que os seguidores do Redentor redimam onde houver
alguém para ser redimido, a fim de que Deus sorria pelas almas que voltam à
casa Paterna, e para que não fique estéril ou muito vilipendiado o sacrifício
do Redentor. Para fazer que muita
farinha fermente, a dona de casa toma um pouquinho da massa feita na semana que
passou.
Oh! Apenas uma migalha é tirada da grande quantidade de massa. E ela a
enterra na montanha de farinha e conserva tudo isso ao abrigo dos ventos
contrários, à temperatura morna e propícia da casa. Fazei assim, vós, que sois
seguidores do Bem, fazei assim vós, ó criaturas, que vos afastastes do Pai e do
seu Reino. Dai vós, por primeiro, uma migalha do vosso fermento para aumentar e
ajudar as moléculas da justiça que ainda subsistem nelas. E vós e elas
conservai o fermento novo ao abrigo dos ventos contrários do Mal, na
temperatura agradável da Caridade, conforme o vosso estado: se ela é que manda
em vós como senhora, ou se ainda se esforça para estar viva em vós, por mais
que já esteja moribunda. Fechai ainda as paredes da casa de uma falta de
religião a respeito daquilo que está fermentando no coração a uma pessoa que
tem a vossa mesma fé, mas está tão desviada, que se sinta ainda amada por Israel,
ainda filha de Sião e irmã nossa, para que assim fermentem todas as boas
vontades e venha às almas e para as almas todas o Reino dos Céus.”
( O Evangelho como me foi
Revelado – Maria Valtorta)
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