A ENTREGA DAS LEIS DE DEUS A MOISÉS NO MONTE SINAI
QUEM RESPEITA OS DEZ MANDAMENTOS CONQUISTA O REINO DE DEUS
Diz
Jesus:
Mas
o que existe não é somente a sociedade como a entendeis, a sociedade dos
concidadãos, ou dos que pertencem à mesma nação, ou a pequena e querida
sociedade da família. Existe uma outra sociedade muito mais extensa, infinita:
a sociedade dos espíritos.
Todos
nós que vivemos temos uma alma. Essa alma não morre com o corpo, mas sobrevive
a ele, para sempre. A ideia de Deus Criador, que deu ao homem uma alma, foi que
todas as almas dos homens se reunissem em um único lugar, o Céu, constituindo o
Reino dos Céus, cujo monarca é Deus, e cujos súditos felizes teriam sido os
homens, depois de uma vida santa e uma morte tranqüila. Satanás veio para
dividir e subverter, para destruir e desagradar a Deus e aos espíritos. E
introduziu o pecado nos corações, e com ele trouxe a morte no fim desta
existência, esperando poder dar a morte também aos espíritos. A morte é a
condenação, a qual é existir, sim, mas numa existência privada do que é a
verdadeira Vida e alegria eterna, isto é, da visão beatífica de Deus e de sua
posse eterna nas luzes eternas. E a humanidade se dividiu em suas vontades,
como uma cidade dividida por partidos contrários. E, assim agindo caminhou para
a sua ruína.
Eu
já disse isto aos que me acusavam de expulsar os demônios com a ajuda de
Belzebu: “ Todo reino dividido contra si
mesmo irá para a ruína.” De fato, se Satanás se expulsasse a si mesmo, ele
e seu reino tenebroso se arruinariam. Eu, pelo amor que Deus tem para com a
humanidade por Ele criada, vim para fazer lembrar que só um Reino é Santo: o
dos Céus. E vim para pregá-lo, para que os melhores o procurem. Oh! Eu quereria
que todos, até os piores, viessem a se converter, livrando-se do demônio que,
evidentemente, nas possessões corporais, além de nas espirituais, ou
secretamente naquelas que são completamente espirituais, os conserva
escravizados. Por isso, Eu vou curando os doentes, expulsando os demônios dos
corpos dos possessos, convertendo os pecadores, perdoando em nome do Senhor,
instruindo sobre o Reino, realizando milagres para persuadir-vos do meu poder e
de que Deis está comigo. Porque não se pode fazer milagre, se não tiver a Deus
como amigo. Por isso, se Eu expulso os demônios com o dedo de Deus, e curo os
doentes, se limpo os leprosos, converto os pecadores, anuncio o reino e instruo
sobre ele, se chamo para ele em nome de Deus, e se a condescendência de Deus
está comigo clara e indiscutível, e somente os inimigos desleais é que podem
dizer o contrário, é sinal de que o Reino de Deus chegou ao meio de vós, e de
que ele está constituído, porque esta é a hora de sua fundação.
Como
se funda o Reino de Deus no mundo e nos corações? Com a volta à Lei de Moisés,
ou com o conhecimento exato dela, quando não se a conhece, mas, sobretudo, com
a aplicação total da Lei em si mesmos, em todos os acontecimentos e momentos da
vida. Qual é essa Lei? Será uma coisa de
tal modo severa, que se torne impraticável?
Não. Ela é uma série de dez preceitos santos e fáceis, dos quais até o homem
moralmente bom, verdadeiramente bom, sente a necessidade, mesmo se ele estiver
sepultado sob o denso teto vegetal das mais impenetráveis florestas da
misteriosa África. Essa Lei diz:
“Eu
sou o Senhor seu Deus, e não há outro Deus fora de Mim.
Não
tomes o Nome de Deus em vão.
Respeita
o sábado, conforme a ordem de Deus, e a necessidade da criatura.
Honra
a teu pai e à tua mãe, se queres viver longamente, e ter o bem na terra e no
Céu.
Não
mates.
Não
furtes.
Não
cometas adultério.
Não
levantes falso testemunho contra o próximo.
Não
desejes a mulher do próximo.
Não
cobices as coisa alheias.”
Qual é o homem que, se for de bom
coração, ainda mesmo sendo ele um selvagem, e que volvendo o olhar para tudo o
que o circunda, não chegue a dizer: “Não era possível que tudo isso se fizesse
por si mesmo. Por isso, existe Um, mais poderoso do que a natureza e do que o
próprio homem, que fez tudo isso.?” E
adora esse Poderoso, do qual ele saiba, ou não saiba o Nome Santíssimo, mas que
ele percebe que existe. E tem para com esse Ser uma tão grande reverência, que,
ao pronunciar o nome que lhe deu, ou que lhe foi ensinado dizer, pra nomeá-lo,
treme de respeito, e percebe que está em oração, só por dizer com respeito o
seu Nome. Porque de fato já era uma oração dizer o Nome de Deus com a intenção
de adorá-lo e de fazê-lo conhecido pelas pessoas que o desconhecem.
Assim,
pois, só por prudência moral todo homem percebe que deve conceder um descanso
aos seus membros, a fim de que eles resistam até o fim da vida. Com mais razão,
este repouso animal o homem que não ignora o Deus de Israel, o Criador e Senhor
do Universo, percebe que o deve consagrar ao Senhor, para não ficar semelhante
ao jumento que, quando cansado, repousa sobre sua cama de palhas, e fica
quebrando com seus fortes dentes os grãos dos cereais.
Também
o sangue exige amor por aqueles dos quais ele veio, e vemos isso até no potrinho
da jumenta que, correndo e zurrando, vai ao encontro da mãe, quando ela está
voltando das feiras. Ele estava brincando no meio dos outros, quando viu, e
lembrou-se de que havia mamado nela, e que ela o havia lambido com amor, o
havia defendido e aquecido, e estais vendo como, com seu focinho macio ele lhe
coça o pescoço, esfregando suas ancas contra o lado de sua mãe.
Amar os pais é um dever e um prazer. Não
há animal que não ame a quem o gerou.
E, então? Será o homem inferior ao verme, que vive na lama da terra?
O homem moralmente bom não mata. A violência lhe causa aversão. Ele sabe que não é
lícito tirar a vida a ninguém. E que só Deus que no-la deu, é que tem o direito
de tirá-la. E evita o homicídio.
Igualmente quem é moralmente são não se apodera
das coisas alheias. Prefere o pão
comido com uma consciência tranqüila, junto a uma fonte prateada, a um
suculento assado, feito de uma criação furtada. Ele prefere dormir no chão, com
a cabeça sobre uma pedra e as estrelas amigas acima de sua cabeça, derramando
paz e consolo em sua consciência honesta, a um sono perturbado em uma boa cama,
mas apanhada em algum furto.
E, se ele é moralmente são, não vive
cobiçando mais mulheres, que não são suas, nem penetra, como um vil emporcalhador, no leito conjugal de outro. Mas
na mulher do seu amigo ele vê uma irmã, e não tem para com ela os olhares e os
desejos, que para uma irmã não se têm.
O homem de coração reto, ainda que só
naturalmente reto, sem ter outro conhecimento do Bem, a não ser o que lhe vem
de sua boa consciência, nunca toma a liberdade de dar testemunho de uma coisa
que não é verdade, pois isto lhe
parece coisa semelhante a um homicídio e um furto, e de fato assim é. Mas ele
tem lábios honestos, como honesto ele tem o coração, e com eles tem honesto
também os seus olhares, com os quais ele não cobiça as mulheres dos outros. E
ele nem mesmo as deseja, porque tal desejo é o primeiro estímulo para o pecado.
Não inveja porque é bom. Quem é bom não
inveja nunca. Fica tranqüilo com o que tem.
Parece-vos
que esta lei é tão intransigente, que não se pode praticar?
Não
vos enganeis. Eu estou certo de que não vos enganeis. E, se não vos deixardes
enganar, fundareis o Reino de Deus em vós, e em vossa cidade. E vos
reencontrareis um dia, felizes, com aqueles que amastes e que, como vós,
conquistarem o Reino eterno, nas alegrias sem fim do Céu.
Mas,
no vosso próprio interior, estão as paixões, como outros tantos cidadãos
fechados e cercados pelos muros da cidade. É preciso que todas as paixões do
homem queiram a mesma coisa, isto é, a santidade. Se assim não for, é inútil
que uma parte se incline para o Céu, se depois uma outra deixa sem guardar as
portas, deixando penetrar o sedutor e neutralizando, por meio de discussões e
da preguiça, os esforços de uma parte dos cidadãos, que tratam de coisas
espirituais, fazendo assim que pereça a cidade interior e que ela fique
abandonada ao reino das urtigas, dos tóxicos, das gramíneas, das serpentes,
escorpiões, ratos, chacais e corujas, isto é, das más paixões e dos anjos de
Satanás. É preciso velar, sem cessar, como sentinelas colocadas sobre os muros,
para impedir que o Maligno entre onde nós queremos construir o Reino de Deus.
Em
verdade Eu vos digo que, enquanto o homem forte e armado guarda a entrada de
sua casa, ele dá segurança a tudo o que está dentro dela. Mas, se chegar um
outro mais forte do que ele, ou se ele deixar descuidada a porta, então o mais
forte o vence e o desarma, e ele, ficando sem suas armas, nas quais ele
confiava, se enche de medo, e se entrega, e o forte o faz prisioneiro e se
apodera dos despojos do vencido. Contudo, se o homem vive em Deus, por meio da
fidelidade à Lei e à justiça santamente praticada, Deus está com ele, e nada de
mal pode acontecer-lhe.
A
união com Deus é a arma que nenhum forte pode vencer. A união comigo é
segurança de obter vitória e de arrebatar presas de guerra, que são as virtudes
eternas pelas quais será dado para sempre um lugar no Reino de Deus. Mas, quem
de Mim se afasta ou de Mim se torna inimigo, repele, por conseqüência as armas
e a segurança da minha palavra.
Quem repele o Verbo, repele a Deus.
Quem repele a Deus, chama Satanás.
Quem chama Satanás destrói tudo o que
tinha para conquistar o Reino.
Portanto, quem não está comigo, está
contra Mim. E quem não cultiva o que Eu semeei, vai recolher o que o inimigo
semeia. Quem não ajunta comigo, espalha e, pobre e nu, haverá de chegar diante
do Juiz Supremo, que o mandará para o patrão ao qual ele se vendeu, preferindo
Belzebu a Cristo.
(
O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 4, pg.428 a 432)
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