“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

EU SOU O FORTE, O PAI DO SÉCULO FUTURO, O PRÍNCIPE DA PAZ.


EU SOU O FORTE, O PAI DO SÉCULO FUTURO, O PRÍNCIPE DA PAZ.


Fazei que o doente saia, ordena Jesus.
Um fariseu, que não é de Cafarnaum, mas que tem uma carranca mais feia ainda do que as dos fariseus do lugar, diz: “ Não é um doente. É um endemoninhado.”
É sempre uma doença do espírito...
“Mas ele está com os olhos e a fala tolhidos...”
É sempre uma doença do espírito, que estende a possessão aos membros e órgãos. Se me tivesse deixado terminar, terias ficado sabendo que era isso que Eu queria dizer. Até a febre está no sangue, mas do sangue ela passa a atacar esta ou aquela parte do corpo.
O fariseu não sabe o que responder, e se cala.
O endemoninhado foi levado para a frente de Jesus. Ele está inerte. Bem que assim falou Mateus. O homem está fortemente impedido pelo demônio. As pessoas vão se aglomerando. É incrível como, especialmente em certas horas, que eu diria horas de divertimento, é que se possa achar tempo para o povo correr na direção de algum lugar, onde haja alguma coisa para se ver. Lá se encontram agora os notáveis de Cafarnaum, entre os quais estão os quatro fariseus. Lá está também Jairo, e, com a desculpa de estar mantendo a ordem, está um centurião romano e, com ele, cidadãos de outras cidades.
Em nome de Deus, deixa as pupilas e a língua deste homem! Eu assim quero. Livra de ti esta criatura! Não te é mais permitido apoderar-se dela. Fora!, grita Jesus, estendendo as mãos, enquanto dá a ordem.
O milagre começa por um urro de raiva do demônio e termina por um urro de alegria do que ficou livre, e que grita: Filho de Davi! Filho de Davi! Santo e Rei!
Como é que pode este homem saber quem o curou?, pergunta um escriba.
“Isso é uma grande comédia! Estas pessoas foram pagas para fazerem isso”, diz um fariseu, encolhendo os ombros.
“Mas, que pessoas? Se é permitido vo-lo perguntar”, indaga Jairo.
A tua pessoa é uma delas.
E com que finalidade?
Para tornar célebre a cidade de Cafarnaum.
Não rebaixes a tua inteligência, até o ponto de ficares dizendo estultices, nem a tua língua, sujando-a com as tuas mentiras. Tu bem sabes que não é verdade, e deverias compreender que estás dizendo uma estultícia. O que aconteceu aqui, aconteceu e, muitos lugares de Israel. Será que por toda parte haverá alguém que esteja pagando? Na verdade eu não sabia que em Israel o povo fosse tão rico assim! Porque vós, e convosco todos os grandes, certamente nada estais pagando pelo que aconteceu. Então, quem paga é o povo, pois somente ele é que ama o Mestre”
Tu és sinagogo, e o amas. Lá está também Manaém. E em Betânia está Lázaro de Teófilo. Esses não são o povo.
Mas, eles são honestos, e eu também. E não enganamos a ninguém, em nada. E muito menos nas coisas da fé. Nós não o permitimos, pois tememos a Deus, e chegamos a compreender o que agrada a Deus: a honestidade.
Os fariseus viram as costas para Jairo, e atacam os parentes do que foi curado: “ Quem vos mandou vir até aqui?”
Quem foi?
Ora, foram muitos. Os que já foram curados, e os parentes dos curados.
Mas, que foi que eles vos deram?
Que foi que eles nos deram?
Pois o que nos deram foi a certeza de que Ele o curaria.
Mas ele estava doente mesmo?
Oh! Que mentes traiçoeiras! Achais que ele se tenha fingido em tudo o que aconteceu? Ide a Gadara, e perguntai, se não acreditais, perguntai pela desventura da família de Anás de Ismael.
As pessoas de Cafarnaum, desdenhosas, fazem um grande tumulto, enquanto uns galileus, que chegaram de perto de Nazaré dizem: “ E, no entanto, esse aí é filho do José, o carpinteiro!”
Os cidadãos de Cafarnaum, fiéis a Jesus, bradam: “ Não. Este é o que Ele diz e o que o curado disse: “ Filho de Deus e Filho de Davi.”
Mas, não fiqueis aumentando a exaltação do povo com essas vossas afirmações! , diz com desprezo um escriba.
E que é Ele, então, segundo o vosso entender?
É um Belzebu!
Oh! Línguas de víboras. Blasfemadores. Vós é que estais possessos! Vós! Ó cegos de coração! Vós sois a nossa ruína. Até a alegria do Messias quereis tirar de nós, hein? Agiotas! Pedras áridas! Que balbúrdia!
Jesus que se havia retirado para a cozinha, para ir beber um pouco d”água aparece na soleira a tempo de ouvir mais uma vez a repetida e estulta acusação dos fariseus: “ Esse aí não é mais do que um Belzebu, pois os demônios lhe obedecem. O grande Belzebu, que é pai dele, o ajuda, e Ele expulsa os demônios, não com algum outro meio, mas somente por obra de Belzebu, o príncipe dos demônios.
Jesus desce os dois pequenos degraus da soleira, e anda para a frente, de busto erguido, severo e calmo, indo parar precisamente na frente do grupo dos escribas e fariseus, e, fixando os olhos firmemente neles, lhes diz:
Até nesta terra nós podemos ver que um reino, dividido em partidos contrários uns aos outros, se torna um reino fraco em sua constituição interna e fraco para se agredido e devastado pelos estados visinhos que, então, fazem dele um escravo. Também até nesta terra podemos ver que uma cidade, dividida em partes contrárias, não sabe mais o que é o bem-estar, e assim acontece também com uma família, cujos membros estiverem separados uns dos outros pelo ódio. Essa família se desagrega, torna-se uma fragmentação inútil, que não serve para ninguém, e que faz até rir aos concidadãos. A concórdia, além de ser um dever, é uma esperteza. Porque ela os mantém independentes, fortes e amorosos. Nisto é que deveriam refletir os patriotas, os cidadãos, os familiares, quando ele, por causa do capricho e da vantagem de um só, sentem-se tentados a se separarem e a usarem de violências, que são sempre perigosas, porque são recíprocas entre os partidos e destruidoras em suas paixões. Pois esta é, com efeito, a esperteza em que se exercitam os que são os donos do mundo. Observai como Roma, com seu inegável poder, é para nós tão difícil de suportar. Ela domina o mundo. Mas é que ela está toda unida em um único modo de pensar, em uma só vontade: “ dominar”. Também, entre eles, com certeza, haverá contrastes, antipatias, rebeliões. Mas isto está no fundo. Na superfície, é um bloco só, sem rachaduras, sem perturbações. Todos pensam a mesma coisa, e chegam ao que desejam, porque querem. E chegarão, enquanto quiserem a mesma coisa.
Olhai este exemplo humano de esperteza e coesão, e pensai: se estes filhos do século são assim, como não será Satanás? Estes são para nós uns satanases. Mas a satânicidade pagã não é nada, em comparação com a satânicidade perfeita de Satanás e de seus demônios. Lá, naquele reino eterno, onde não há século, onde não há fim, onde não há limites para a astúcia e para a maldade, lá onde a alegria deles é fazer o mal a Deus e aos homens, pois sua respiração é fazer o mal, á sua dolorosa alegria, única, atroz, com uma perfeição maldita ajuntou-se a fusão dos espíritos unidos em uma só vontade: “ a de fazer o mal.”
Agora se, como quereis afirmar, para insinuar dúvidas sobre o meu poder, se Satanás é quem me ajuda, porque dizeis que Eu sou um Belzebu menor, não acontece, então, que Satanás está em desacordo comigo mesmo e com os seus demônios, se expulsa estes dos seus possessos?
E, se estiver em desacordo, como é que poderá perdurar o seu reino? Mas, assim não é. Satanás é muito esperto, e não se move. Seu plano é estender mais, e não reduzir o seu reino sobre os corações. Sua vida é “ roubar – prejudicar – mentir – ofender – perturbar.” Roubar as almas de Deus e a paz dos homens. Prejudicar as criaturas do Pai, dando aborrecimentos a Ele. Mentiras para desencaminhar. Ofender para se alegar. Perturbar, porque ele é a desordem. E não pode mudar. É eterno em seu ser e em seus métodos.
Mas, respondei-me a esta pergunta: se Eu expulso os demônios em nome de Belzebu, em nome de quem é que os expulsam os vossos filhos? Quereríeis confessar, então, que eles também são Belzebu? Mas, se vós o disserdes, eles vos julgarão uns caluniadores. E, se a santidade deles não reagir á acusação, vós vos estaríeis julgando a vós mesmos, confessando que credes que há muitos demônios em Israel, e Deus vos julgará em nome dos filhos de Israel, acusados de serem demônios. Por isso, venha de onde vier o julgamento, no fundo eles serão os vossos juízes, lá onde o julgamento não é subornado por pressões humanas.
Se, pois, como é verdade, Eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, então isso é prova de que está junto de vós o Reino de Deus, e o Rei desse Reino. E esse Rei, tem um poder tal, que nenhuma força contrária ao seu Reino lhe poderá resistir. Por isso, Eu amarro e obrigo os usurpadores dos filhos do meu Reino a saírem dos lugares que eles estão ocupando, e a me restituírem a presa para que dela Eu tome posse. Não é assim que faz quem quiser entrar em uma casa habitada por um homem forte, para tirar os bens dele, por bem ou por mal adquiridos que eles sejam? É assim que se faz. Ele entra e o prende, e o amarra. E depois que assim tiver feito, pode despojar a sua casa. Eu amarro o antigo tenebroso, que pegou para si o que é meu, e lhe tiro o bem que ele me roubou. E somente Eu posso fazer isso, porque Eu sou o Forte, o Pai do século futuro, o Príncipe da Paz.
Explica-nos que é que quer dizer, quando falas no “ Pai do século futuro”. Crês tu que estarás vivo até o próximo século, e, mais tolamente ainda, pensas em criar o tempo, tu, um pobre homem? O tempo é de Deus”, pergunta-lhe um escriba.
E tu, escriba, me fazes esta pergunta? Não sabes, então, que haverá um século que vai ter começo, mas não terá fim, e será o meu? Nele Eu triunfarei, reunindo ao redor de Mim os que são filhos Dele, e eles viverão para sempre naquele século que Eu já terei criado, e que já estou criando, dando valor ao espírito, mais do que á carne, ao mundo e ao inferno, porque Eu tudo posso. Por isso, Eu vos digo que quem não está comigo, está contra Mim, e quem comigo não recolhe, dispersa. Porque eu sou aquele que sou. Quem não crê nisto, que já foi profetizado, peca contra a palavra dita pelos profetas, e não é mentira nem resistência.
Porque eu vos digo: tudo será perdoado aos homens, todo pecado e blasfêmia. Porque Deus sabe que o homem não é só espírito, mas é carne, e uma carne tentada, que está sujeita a imprevistas fraquezas. Mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoado, porque o peso da carne, que envolve a minha Pessoa, e que envolve o homem que contra Mim fala, pode ainda arrastá-lo ao erro. Mas, quem tiver falado contra o Espírito Santo, não será perdoado nem nesta vida, nem na vida futura, pois a Verdade é o que é: limpa, santa, inegável e manifestada ao espírito de tal maneira que não o induza a erro. É o contrário do que acontece com aqueles que erram voluntariamente e querendo o erro. Negar a Verdade dita pelo Espírito Santo é negar a Palavra de Deus e o Amor que aquela palavra demonstra ter, por amor aos homens. E o pecado contra o Amor não é perdoado.
Mas cada um dá os frutos da sua planta. Vós dais os vossos, que não são frutos bons. Pois, se plantais uma árvore má, mau haverá de ser o fruto que dela vai ser colhido, e todos dirão: “ Esta árvore não é boa.” Porque é pelo fruto que se conhece a árvore. E vós, como é que podeis pensar que falais bem, vós que sois maus? Porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio. É da superabundância do que tivermos em nós é que nós tiramos os nossos atos e discursos. O homem bom tira do seu tesouro coisas boas, e o malvado, do seu mau tesouro tira coisas más. Ele fala e age de acordo com o que tiver dentro de si.
E, em verdade, Eu vos digo que o ócio é uma culpa. Mas é melhor ficar ocioso, do que fazer coisas más. E Eu até vos digo que é melhor calar-se do que falar palavras ociosas e más. E, mesmo que o calar-se seja um ócio, fazei-o, e não fiqueis pecando pela língua. Eu vos garanto que de toda palavra ociosa dita aos homens, vai ser exigida uma justificação no dia do Juízo, e que, pelas palavras ditas serão os homens justificados e pelas mesmas palavras, que são mais do que ociosas, porque não são ociosas, mas para fazer o mal, e com o intuito de afastar os corações da Verdade, que vos está falando.
Os fariseus tomam o parecer dos escribas e depois, todos juntos, fingindo ser delicados, perguntam: “ Mestre, crê-se mais naquilo que se vê. Dá-nos, então um sinal para que possamos crer que tu és o que estás dizendo que és.
Vedes bem que em vós está o pecado contra o Espírito Santo, que muitas vezes já me indicou como o Verbo Encarnado? Verbo e Salvador, vindo no tempo marcado, precedido e acompanhado pelos sinais que foram profetizados, e fazendo o que diz o Espírito.
Eles lhe respondem: “ No Espírito nós cremos. Mas, como podemos crer em Ti, se não vemos com nossos olhos, um sinal?
Como podeis, então, crer no Espírito, cujas ações são espirituais, se não credes nas minhas que são perceptíveis aos vossos olhos? A minha vida está cheia delas. Ainda não bastam? Não? Eu mesmo respondo que não. Ainda não bastam. A esta geração adúltera e má, que está querendo ver um sinal só será dado este sinal: o de Jonas. De fato, como Jonas esteve por três dias no ventre da baleia, assim o Filho do homem ficará por três dias nas vísceras da terra. Em verdade, Eu vos digo que os Ninivitas ressuscitarão no dia do Juízo, como todos os outros homens, e se levantarão contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência, depois da pregação de Jonas, e vós, não. E aqui está alguém que é maior do que Jonas. Assim também ressuscitará e se levantará contra vós a Rainha do Meio-Dia, e vos condenará, porque ela veio dos últimos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui há alguém que é mais do que Salomão.
Por que dizes que esta geração é adúltera e má? Ela não o será mais do que as outras. Nela há os mesmos santos que havia nas outras. A estrutura de Israel não mudou. Tu nos estás ofendendo.
Vós vos ofendeis a vós mesmos, fazendo mal ás vossas almas, porque as afastais da Verdade e da Salvação. Mas Eu vos respondo a mesma coisa. Esta geração não é santa, a não ser nas vestes e em seu exterior. Por dentro ela não é. Há em Israel os mesmos nomes para significar as mesmas coisas. Há ainda os mesmos usos, vestes e ritos. Mas falta o espírito em tudo isso. Sois adúlteros, porque rejeitastes o casamento espiritual com a Lei Divina, e desposastes, em uma segunda e adúltera união, a Lei de Satanás. Não estais circuncidados, a não ser em um membro caduco. Pois o vosso coração não está mais circuncidado. E sois maus, porque vos vendestes ao Maligno. Tenho dito!
Tu nos ofendes demais. Mas, por que, se assim é, Tu não livras Israel do demônio, para que te tornes santo?
Esta é a vontade de Israel? Não. Quem a tem são aqueles pobres, que vêm para ficarem livres do demônio, pois percebem neles mesmos como um peso e uma vergonha. Vós não percebeis isto. E inutilmente vós ficaríeis livres dele, porque, não tendo vontade de ficar livres, logo seríeis possessos de novo e de maneira ainda mais forte. Porque quando um espírito imundo sai de um homem, sai e vai vagando por lugares áridos, em busca de repouso, e não o encontra. Lugares áridos, não materialmente, entendei bem. Áridos, porque lhe são hostis, não acolhedores, assim como a terra árida é hostil á semente. E, então, ele diz: “ Vou voltar para minha casa, de onde eu fui expulso á força e contra a vontade dele. Por isso, estou certo de que ele me acolherá de novo, e me dará repouso. E, de fato, ele volta para aquele que era dele, e muitas vezes o encontra disposto a acolhê-lo, porque, em verdade, Eu vos digo, ele tem mais saudades de Satanás do que de Deus e, se Satanás não lhe oprime os membros por nenhuma possessão mais, ornada, com cheiro de limpeza. Aí, ele vai buscar outros sete demônios, piores do que ele, entra na casa, e aí todos se estabelecem. E este segundo estado de alguém que se converteu, e depois se perverte de novo, é pior do que o primeiro. Porque o demônio sabe a medida de quanto aquele homem é amante de Satanás, e de quanto ele é ingrato para com Deus, e também porque Deus não volta para lá, onde se calcam aos pés as suas graças, onde os que já experimentaram uma possessão abrem seus braços para receberem outra ainda pior. A recaída no satanismo é pior do que uma recaída numa tuberculose mortal, que uma vez já foi curada. Não é mais possível melhora nem cura.
Assim acontecerá também com esta geração que, tendo sido convertida pelo Batista, quis voltar a ser pecadora, porque ela é amante do Malvado, e não de Mim.
Um murmúrio, que não é nem de aprovação, nem de protesto, vai-se levantando pelo meio da multidão que se comprime, de tão numerosa que já está, e até á estrada ela está apinhada, a partir da horta e do terraço. Há pessoas a cavalo dos pequenos muros, outras trepadas nas figueiras da horta e nas plantas das hortas vizinhas, pois todos querem ouvir a disputa entre Jesus e os seus inimigos. O murmúrio, como uma onda, chegando até aos apóstolos que estão mais perto de Jesus, isto é, Pedro, João, Zelotes e os filhos do Alfeu. Porque os outros estão, uma parte no terraço e outra na cozinha. Sem falar em Judas Iscariotes, que está na estrada, no meio da multidão.
E Pedro, João, Zelotes e os filhos do Alfeu detectam o murmúrio do povo, e dizem a Jesus: “ Mestre, é tua Mãe que está ai com os teus irmãos. Eles estão ali fora na estrada, e estão te procurando, porque te querem falar. Manda que o povo se afaste, para que eles possam vir até Ti, pois certamente deve ser algum motivo sério que os terá trazido a procurar-te.”
Jesus levanta a cabeça e vê, lá no meio do povo, o rosto angustiado de sua Mãe, que está fazendo esforço para não chorar, enquanto José do Alfeu, todo excitado, fala com Ela, e vê os sinais da recusa dela, sempre repetidos, sempre enérgicos, apesar da insistência do José. Vê também o rosto alterado de Simão, visivelmente entristecido, desgostoso... Deixa a Aflita em sua dor, e os primos lá onde estão.
Depois abaixa os olhos sobre a multidão, e, dirigindo-se aos apóstolos mais próximos, responde também aos que estão longe, e que tentam dar mais valor ao sangue do que ao dever: Quem é minha mãe? E quem é que são meus irmãos?
Corre o olhar ao seu redor, com um rosto severo, que se torna pálido por esta violência, que Ele precisa fazer-se para se pôr o dever acima do afeto e do sangue, e para deixar de fazer a confissão do seu vínculo com a Mãe, para poder servir ao Pai, e dia, acenando com um amplo gesto para o povo, que se está comprimindo junto a Ele, á luz vermelha das tochas e á luz prateada da Lua, que está quase cheia: Aqui está a minha Mãe, e aqui estão os meus irmãos. Os que fazem a vontade de Deus são os meus irmãos e irmãs, são minha mãe. Outros, além desses Eu não tenho. E os meus serão tais, se forem os primeiros e com maior perfeição do que qualquer outro, fizerem a vontade de Deus até o sacrifício total de qualquer outra vontade, ou voz do sangue e do afeto.
A multidão solta um murmúrio mais forte, como se fosse um mar sacudido por um repentino vendaval.
Os escribas começam a fugir, dizendo: É um demônio! Renega até o próprio sangue!
Os parentes avançam para a frente, dizendo: Ele está doido. Maltratou a própria Mãe! Os apóstolos dizem: É verdade que esta palavra está cheia de heroísmo!
A multidão diz: Como Ele nos ama!
Com dificuldade, Maria, com José de Simão, conseguem abrir passagem por entre o povo. Ela, com toda a doçura. José, com toda a fúria. Simão, muito agitado. E assim chegaram até onde está Jesus.
José investe logo contra Jesus: “ Tu estás doido! Ofendes a todos! Não respeitas nem Tua Mãe. Mas agora eu estou aqui, e te impedirei de fazê-lo. É verdade que estás indo, como um trabalhador para cá e para lá? E, então, se é verdade, por que não mais trabalhar na tua oficina, matando assim a fome de Tua Mãe? Por que é que mentes, dizendo que o teu trabalho é a pregação, ocioso e ingrato como és, se depois vais trabalhar sob encomenda em casas de estranhos? Realmente Tu me pareces ter um demônio, que te extravia. Responde!
Jesus se vira, pega pela mão o menino José, puxa-o para perto de Si, e depois o ergue, conservando-o seguro pelas axilas, e diz: O meu trabalho foi para matar a fome deste inocente e de seus pais, e persuadi-los de que Deus é bom. O meu trabalho tem sido pregar em Corozaim a humildade e a caridade. E não somente em Corozaim. Mas a ti também, José, meu injusto irmão. Mas Eu te perdôo, porque sei que tu estás mordido pelos dentes da serpente. E perdôo também a ti, injusto Simão. Não tenho nada que perdoar, nem de que pedir perdão á minha Mãe, porque Ela sabe julgar com justiça. Que o mundo faça o que quiser. Eu faço o que Deus quer. E, com a bênção do Pai e da minha Mãe, Eu sou mais feliz do que se o mundo todo me aclamasse como rei, como o mundo quer.
Vem cá, minha Mãe. Não chores. Eles não sabem o que estão fazendo. Perdoa-os.
Oh! Meu Filho! Eu sei. Tu sabes. Não há nada mais a dizer.
Não há nada mais a dizer, a não ser dizer a este povo:
Ide em paz.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 4 pgs 293 – 302) 

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