“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

COMO TUDO FOI FEITO?


COMO TUDO FOI FEITO?


 Eis a página infinita sobre a qual as águas correntes vêm escrever a palavra “ Creio”. Pensai no caos do Universo, antes que o Criador quisesse ordenar os elementos e estabelecer entre eles a maravilhosa sociedade que deu aos homens a terra e tudo o que ela contém, e ao firmamento os astros e os planetas. Nada de tudo isto existia antes. Nem como um caos informe, nem como coisa já feita em ordem. E Deus a fez. Portanto, Ele fez primeiro os elementos. Pois eles são necessários, ainda que as vezes nos pareçam nocivos. Mas pensai bem e sempre. Não há nenhuma pequena gota de orvalho que não tenha a sua boa razão de ser. Não há inseto, por pequeno e molesto que seja, que não tenha a sua boa razão de ser. E assim também não existe montanha, por mais monstruosa que seja, vomitando de suas vísceras fogo e pedras incandescentes, que não tenha sua boa razão de ser. Não existe ciclone sem motivo. E não há passando das coisas para as pessoas, não há acontecimento, não há pranto, não há alegria, não há nascimento, não há morte, não há esterilidade ou maternidade fecunda, não há longo convívio nem rápida viuvez, não há desventuras de misérias e doenças, como também não há prosperidade de meios e de saúde que não tenha a sua boa razão de ser, ainda que assim não pareça à miopia e soberba do homem, que vê e julga com todas as cataratas e com todas as névoas que acompanham as coisas imperfeitas. Mas o Olho de Deus, mas o Pensamento sem limitações de Deus, vê e sabe. O segredo para se viver imunes dessas dúvidas estéreis, que nos põem nervosos e nos exaurem, que envenenam os nossos dias na Terra, está em saber crer que Deus tudo faz por amor e não na estulta intenção de atormentar por atormentar.
Deus havia criado os anjos. E uma parte deles por não terem querido acreditar que já estava bom o nível de glória em que Deus os havia colocado, se haviam rebelado e, com seus espíritos queimados pela falta de fé em seu Senhor, haviam tentado assaltar o trono inacessível de Deus. As harmoniosas razões dos anjos que tinham fé, eles haviam oposto a sua discordância, o pensamento injusto e pessimista, e esse pessimismo que é falta de fé, os tinha transformado de espíritos de luz, como haviam sido feitos em espíritos das trevas.
Vivam para sempre aqueles que no Céu como na terra, sabem fundamentar seus pensamentos em um pressuposto cheio de luz. Nunca se enganarão completamente, ainda que os fatos os estivessem desmentindo. Não se enganarão, pelo menos no que se refere aos seus espíritos, os quais continuarão a crer, e esperar, a amar acima de tudo a Deus e depois ao próximo, permanecendo por isso com Deus pelos séculos dos séculos.
O Paraíso já tinha libertado desses orgulhosos pessimistas, os quais viam como escuras até as mais luminosas obras de Deus, assim como na terra os pessimistas vêem escuras até as ações mais sinceras e brilhantes do homem, ou por quererem viver separados em uma torre de marfim,  ou por se crerem os únicos perfeitos, eles se auto condenam a uma prisão escura, que termina nas trevas do reino inferior, o reino da negação. Porque o pessimismo é negação.
Deus, pois, fez o conjunto dos seres criados. E , como, para compreender o mistério glorioso de Nosso Ser Uno e Trino, é necessário saber crer e ver que, desde o princípio, o Verbo existia, e estava junto de Deus, unidos pelo Amor perfeitíssimo, que só podem expandir dois, que são Deus sendo Um, assim igualmente para se ver o conjunto dos seres criados como ele é, é necessário olhá-lo com os olhos da fé, porque no seu ser, assim como um filho traz em si o indelével reflexo do Pai, assim o conjunto dos seres criados tem em si o indelével reflexo do seu Criador. Veremos que também aqui no princípio foi o céu e a terra, depois foi a luz, comparável ao amor. Porque a luz é alegria, como o é também o amor. E a luz é a atmosfera do Paraíso. E o Ser incorpóreo que é Deus, é Luz, e é o Pai de toda luz intelectiva, afetiva, material, espiritual, assim no céu como na Terra.
No princípio foi o céu e a terra, e por eles foi dada a luz, e pela luz todas as coisas foram feitas. E como no Céu altíssimo foram separados os espíritos de luz dos espíritos das trevas, assim no conjunto dos seres criados, foram separadas as trevas da luz, e foram feitos o dia e a noite e o primeiro dia, conjunto de seres criados, foi com sua manhã e sua tarde, com seu meio dia e sua meia noite. E quando o sorriso de Deus, a luz, voltou depois da noite, eis que a mão de Deus, a sua poderosa vontade se estendeu sobre a Terra informe e vazia, se estendeu por sobre o céu, onde vagavam as águas, um dos elementos já libertados do caos, e quis que o firmamento separasse o vaguear desordenado das águas entre o céu e a terra, para houvesse um véu dos fulgores do paraíso, medida às águas superiores, para que sobre a agitação dos metais e dos átomos, não caíssem dilúvios sobre a Terra, arrancando e desregrando as coisas que Deus reunia.
A ordem estava estabelecida no céu. E a ordem se fez sobre a Terra, pela ordem que Deus deu as águas espalhadas pela terra. E o mar se fez. Ei-lo. Sobre ele como sobre o firmamento, está escrito: “ Deus existe”. Seja qual for a intelectualidade de um homem e a sua fé ou a sua falta de fé, diante desta página, na qual brilha uma partícula da infinitude que é Deus, na qual está testemunhado o seu poder, porque nenhum poder humano e nenhum assentamento natural de elementos podem repetir, nem mesmo na menor medida, um prodígio igual, o homem é obrigado a crer. A crer não só no poder, mas na bondade do Senhor, que por este mar dá alimento e estradas ao homem, dá sais salutíferos, dá moderação para o sol e espaço para os ventos, dá sementes a terra, uma distante da outra, dá vozes às tempestades, para que eles chamem de novo essa formiga, que é o homem em comparação com o infinito que é seu Pai, e dá-lhe meios para elevar-se contemplando mais altas visões, em mais altas esferas.
Três são as coisas que mais falam de Deus na criação que é todo testemunho dele: A luz, o firmamento e o mar.  A ordem astral e metereológica, reflexo da ordem Divina, a luz que só um Deus podia fazer, o mar, a potência que só Deus depois de tê-lo criado podia por dentro de firme limites, dando-lhe movimento e voz, sem que por isso como um turbulento elemento de desordem, ele cause prejuízo à terra que o suporta em sua superfície.
Penetrai o mistério da luz, que nunca se consome. Levantai o olhar para o firmamento, onde estão rindo as estrelas e os planetas. Abaixai o vosso olhar para o mar. Vede-o como ele é. Não há separação. Mas há uma ponte entre os povos que estão em outras praias, invisíveis, até desconhecidas, mas que é necessário crer que existem, só porque são deste mar. Deus não faz nada inútil. Por isso Ele não teria feito essa infinidade, se ela não tivesse como limite lá, para lá do horizonte, vindas de um único Deus, levadas para lá por vontade de Deus, para povoarem continentes e regiões, levadas por tempestades, e correntes marítimas. E esse mar leva em suas ondas, nas vozes de suas águas e de suas marés, apelos que vêm de longe. Existem caminhos não separações.
A ânsia que produz uma doce angústia em João é este apelo dos irmãos longínquos. Quanto mais o espírito se torna dominador da carne, tanto mais ele é capaz de ouvir as vozes dos espíritos que estão unidos, mesmo quando divididos, assim como os ramos brotados de uma única raiz estão unidos, mesmo quando um não vê o outro, porque algum obstáculo se interpõe entre eles.
Olhai o mar com olhos de luz. Nele cevareis terras e terras, espalhadas ao longo das praias, dentro de seus limites, e pelo interior, terras e mais terras ainda, e de todas vem este grito: “ Vinde! Trazei-nos a luz que vós possuís. Trazei-nos a vida que vos é dada. Dizei ao nosso coração a palavra, que nós ignoramos, mas que sabemos que é a base do universo: o amor. Ensinai-nos a ler a palavra que vemos traçada sobre as páginas infinitas do firmamento e do mar: Deus.
Iluminai-nos para que vejamos que uma luz viva é mais, é mais verdadeira ainda do que a que avermelha os céus e enche de pedras preciosas o mar. Daí as nossas trevas a Luz que Deus vos deu, depois de tê-la gerado com seu amor, e a deu a vós, mas para todos, assim como a deu aos outros, mas para que eles a dessem á terra. Vós sois os astros, nós a poeira. Mas, formai-vos assim como o Criador com o pó da terra formou o homem para que a povoasse, adorando-o agora e sempre, até que chegue a hora em que não existirá mais a terra, mas venha o Reino. O Reino da Luz, do Amor, da Paz, assim como a vós o Deus vivo disse que virá, porque nós também somos filhos deste Deus e pedimos para conhecer o nosso Pai.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 4, pgs. 107,108,109,110) 

Sem comentários:

Enviar um comentário