“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

domingo, 30 de agosto de 2015

JESUS RESSUSCITADO APARECE À MÃE


JESUS RESSUSCITADO APARECE À MÃE


Maria agora está prostrada com o rosto por terra. Parece um pobre ser arruinado, igual àquela flor morta de sede, de que Ela falou.
A janela fechada se abre, com um barulhento abalo dos pesados batentes, e, com o raio do sol, entra Jesus.
Maria, que levou um susto com aquele barulho, levantou a cabeça para ver de que lado veio o vento que moveu os batentes, e vê seu Filho irradiando luz. Ele está belo, luminoso, mais do que o sol, vestido de um branco que parece uma luz tecida, e que vem andando para o lado dela.
Ela se põe de joelhos e ajuntando as mãos cruzadas sobre o peito, diz com um soluço, que é de sorriso, e pranto: “Senhor, meu Deus!” E fica assim arrebatada, ao contemplá-lo com o rosto banhado em lágrimas, mas que ficou sereno, acalmado em seu sorriso e pelo êxtase.
Mas Ele não quer vela assim, sendo Ela a sua Mãe, de joelhos, como uma serva. Por isso, a clama, estendendo-lhe as mãos, de cujas feridas saem raios que fazem ficar mais luminosa a sua Carne gloriosa, e lhe diz: “Minha Mãe!”, mas já não é mais a palavra aflita dos colóquios e das despedidas de antes da Paixão, nem são como aquela lamentação dilacerante do encontro sobre o Calvário e a da agonia. Mas é um grito de triunfo, de libertação, de festa, de amor, de gratidão. E Ele se inclina sobre sua Mãe, e lhe põe as mãos por baixo dos cotovelos dobrados, e a põe de pé, aperta-a sobre o coração e a beija.
Oh! É aí que Maria compreende não estar se tratando de uma visão, mas que é o Filho realmente ressuscitado, que é o seu Jesus, o Filho que ainda a ama como Filho. E com um grito, Ela se joga ao seu pescoço, e o abraça, e beija na fronte, onde não há mais feridas, pondo-se a rir, durante o pranto. Ela o beija na fronte, onde não há mais feridas, sobre a cabeça, não mais despenteada e ensangüentada sobre os olhos agora fúlgidos, sobre as faces já curadas, sobre a boca, não mais inchada. E depois, pega-lhe as mãos, beija-as nas costas e nas palmas sobre as feridas que emitem raios, e de repente, se curva a seus pés, e os descobre, tira-os de debaixo da veste brilhante, e os beija.
Depois se levanta, olha para Ele, e não se atreve a continuar.
Enquanto isso, Ele sorri, e compreende. Entreabre a veste sobre o peito e diz: “E esta minha Mãe, não a beijes, foi esta que te causou tanto mal, e que só tu és digna de beijar? Beija-me o coração, minha mãe. O teu beijo me tirará a última lembrança de tudo o que é dor, me dará aquela minha alegria de ressuscitado.”
E prende entre as suas mãos o rosto da mãe, e apóia os lábios dela dos da ferida do lado, da qual saem fluxos de uma luz vivíssima. O rosto de Maria está aureolado por aquela luz, de tão mergulhado que Ela está dentro dos seus raios.
Ela beija e torna a beijar, enquanto Jesus a acaricia. E não se cansa de beijar. Parece um que está sedento e aplicou a boca sobre a fonte e que bebe agora a vida que lhe ia escapando.
Agora Jesus fala:
Tudo está acabado, minha Mãe. Agora não tens mais que chorar por teu Filho. A prova terminou. A Redenção chegou. Minha Mãe, obrigado por me teres concebido, criado, ajudado na vida e na morte. Eu ouvi quando chegaram a Mim as tuas orações. Elas foram a minha força na dor, as minhas companheiras na minha viagem sobre a Terra e para lá da Terra. Elas me acompanharam na Cruz e no Limbo. Elas eram o incenso que ia à frente do Pontífice, que ia chamar os seus servos para levá-los ao Templo que não morre: ao meu Céu. Elas vieram comigo até o Paraíso, precedendo, como uma voz angelical, o cortejo dos redimidos guiados pelo Redentor, para que os anjos estivessem prontos para saudar o vencedor, que voltava para o seu Reino. Elas foram ouvidas e vistas pelo Pai e pelo Espírito, que por isso sorriam, como o fariam, vendo a mais bela das flores e o canto mais doce, nascidos no Paraíso. Elas foram conhecidas pelos Patriarcas e pelos novos Santos, os primeiros cidadãos da minha Jerusalém, e Eu te trago o “muito obrigado” deles, minha Mãe, junto com o beijo dos pais e com sua bênção, e também a do teu esposo pela alma, José.
Todo o Céu canta seu Hosana a Ti, Minha Mãe, Minha Santa Mãe! É um Hosana que não cessa, e que não é mentiroso, como aquele que para Mim cantaram, há poucos dias.
Agora Eu vou para o Pai com a minha veste humana. O Paraíso precisa ver o Vencedor em sua veste de Homem, com a qual Ele venceu o Pecado do Homem. Mas depois, Eu voltarei ainda. Eu devo confirmar na Fé os que não crêem ainda e que precisam crer para levarem os outros a crer. Eu preciso fortificar os fracos, que terão necessidade de muita fortaleza para resistirem ao mundo.
Depois Eu subirei ao Céu. Mas Eu não te deixarei sozinha, Minha Mãe. Estás vendo aquele véu?(é o Véu de Verônica) Eu, no meu aniquilamento, usei ainda do poder de fazer um milagre para Ti, a fim de dar-te algum conforto. Mas para Ti, Eu vou fazer um outro milagre. Tu me terás no Sacramento, tão real, como quando Tu me levavas contigo. Nunca estarás sozinha. Nestes dias passados, Tu ainda estiveste. Mas para minha Redenção, era necessária também esta dor. Muitas coisas andam continuamente juntas com a Redenção, porque muitas coisas de pecado serão continuamente criadas. Eu chamarei todos os meus servos para esta co-participação redentora. Tu és aquela que, sozinha farás mais do que todos os santos juntos. Por isso é que era necessário também esse longo abandono.
Mas agora não é mais. Eu não estou separado do Pai. Tu não estarás separada do Filho. E, tendo o Filho, tens a nossa Trindade entre os homens, e santificarás a Igreja, Tu, a Rainha do Sacerdócio, e Mãe dos Cristãos. Depois Eu virei para levar-te. E não serei mais Eu em Ti, mas Tu em Mim, no meu Reino, a fim de tornar mais belo o Paraíso.
Agora Eu me vou, minha Mãe. Vou para fazer feliz a outra Maria.
Depois subirei ao Pai. E de lá Eu virei aos que não crêem.
Minha Mãe. Dá-me o teu beijo como bênção. E que a minha Paz seja a tua companheira. Adeus.
E Jesus desaparece no sol, cujos raios descem a jorro do céu, nesta manhã serena.


(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 220 a 223)


A RESSURREIÇÃO


A RESSURREIÇÃO


Na horta há um profundo silêncio e um brilho da orvalhada. Sobre ela, o céu vai-se tornando da cor de uma safira cada vez mais clara, depois de ter deixado o seu azul escuro bordado pelas estrelas que, durante a noite inteira, ficaram vigiando o mundo. A aurora empurra do Oriente para o Ocidente estas partes ainda escuras, do modo como fazem as ondas, durante o tempo de uma Mara alta, que parece ir sempre mais adiante, cobrindo a praia escura, e substituindo o cinzento da areia e dos escolhos pelo azul da água do mar.
Algumas estrelinhas não querem morrer ainda, e ficam olhando cada vez mais fracas, por baixo da onda de luz branca esverdeada da aurora, de uma cor leitosa esfumada de cinzento, como o dos ramos das oliveiras sonolentas, que fazem uma coroa ao redor daquela  colina pouco distante. Depois ela vai para o fundo, submersa pela onda da aurora, como um ponto da terra, que a água submerge. E fica uma delas de menos... Depois é outra que fica de menos, e outra, e outra mais, o céu perde assim os seus rebanhos de estrelas, e somente lá ao longe, no extremo ocidente, há três, depois duas, depois só uma, que são as que restaram pata ficar olhando aquele prodígio que acontece cada dia e que é o surgir da aurora.
E eis que, senão quando, um fio cor de rosa traça uma linha sobre a seda cor de turquesa do céu oriental, e um suspiro do vento passa por cima das copas das árvores e por sobre as ervas, como que dizendo: “Despertai! O dia ressurgiu.” Mas, mal ele desperta, os ramos e as ervas estremecem por baixo dos seus diamantes de orvalho, e levam um leve esbarro, dado pelas gotas que caem. Os passarinhos ainda não despertaram por entre os ramos frondosos de um cipreste muito alto, que parece por entre os ramos frondosos de um cipreste muito alto, que parece dominar, como um senhor sem seu reino, mas não no enredado entrelaçamento de uma sebe de loureiros, que fazem um anteparo contra o vento do Norte.
Os guardas já enjoados, com muito frio e cheios de sono, estão guardando, em diferentes horários o Sepulcro, cuja porta de pedra foi reforçada em sua beirada com uma grossa camada de argamassa de cal, como se fosse um contraforte sobre a brancura opaca, do qual aparecem rosas de cera vermelha, diretamente firmadas na argamassa fresca, com o selo do Templo.
Os guardas devem ter acendido um pequeno fogo durante a noite, porque ainda se vê a cinza e alguns tições mal queimados no chão. E eles devem ter jogado e comido, pois ainda se vêem restos de comida e pequenos ossos limpos, que certamente foram usados para algum jogo, como o nosso dominó, ou o jogo de que os meninos gostam, o dos dados, que eles jogaram sobre um velho tabuleiro riscado no chão da estrada. Depois eles se cansaram e deixaram tudo como estava, para irem procurar algum canto mais ou menos cômodo para dormirem ou para vigiarem.
No céu, como está agora do lado do Oriente, formou-se uma faixa toda rosada, que pouco a pouco vai crescendo no céu sereno aonde por enquanto não chegou nenhum raio do sol. E eis que aparece, vindo de profundezas desconhecidas, um meteoro, um meteoro muito brilhante, que vem descendo, como uma bola de fogo de um esplendor insuportável, acompanhada por uma faixa rutilante, que talvez não seja outra senão a lembrança do seu fulgor em nossa retina. Ela vem descendo, em grande velocidade, para a Terra, espalhando uma luz tão intensa fantasmagórica e amedrontadora em sua beleza, que a faixa rosada desaparece em sua beleza, superada por sua incandescência branca.
Os guardas levantam a cabeça, espantados, também porque junto com aquela luz, ouve-se um estrondo muito forte, mas cheio de harmonia, solene, que enche por si mesmo todo o mundo. Ele vem das profundezas do Paraíso. É o Aleluia, o Glória dos anjos que acompanha o Espírito do Cristo, que volta em sua carne gloriosa.
O meteoro desce sobre o inútil fechamento do sepulcro, o desfaz, o enterra, e fulmina de terror e com fragor os guardas lá colocados, como carcereiros do Dono do Universo, produzindo, com aquela sua nova volta sobre a Terra, um novo terremoto, como o havia produzido ao sair da terra, este espírito do Senhor.
 Ele entra no sepulcro escuro, que fica todo claro por aquela luz indescritível, e, enquanto ela continua no ar, imóvel, o Espírito se infunde de novo no Corpo imóvel, que está sob as bandagens fúnebres.
Tudo isso se faz, não em um minuto, mas numa fração de minuto, tanto o aparecimento, como a descida, a penetração e o desaparecimento da Luz de Deus, tudo muito rápido.
E o “quero” do Espírito Divino dito à sua fria carne não produziu nenhum som. Ele foi dito pela essência à matéria imóvel. Mas nenhuma palavra foi percebida por ouvido humano. A Carne recebe a ordem, e obedece a Ele com uma profunda respiração. Durante um minuto, nada mais apareceu.
Por baixo do Sudário e do Lençol, a Carne gloriosa se recompõe em uma beleza divina, desperta do sono da morte, e volta do “nada” em que estava, e torna a viver, depois de ter estado morta. Certamente o coração desperta, e dá a primeira batida, empurra para dentro das veias o sangue gelado que ainda existe, e, de repente cria dele a medida total para as artérias esvaziadas nos pulmões imóveis, no cérebro escurecido, e faz voltar o calor, a saúde, a força e o pensamento.
Mais um instante, e eis que se faz um movimento repentino por baixo do pesado Lençol. É tão repentino o movimento, que, do momento em que Ele move as mãos cruzadas até o momento em que Ele, imponente, aparece em pé, é um instante. Ele se mostra em sua veste de uma substância imaterial, sobrenaturalmente belo e majestoso, com uma gravidade que o muda e eleva, e até deixando-o, e nossos olhos mal teriam tempo de fitá-lo para contar seus passos de um ponto para outro.
Agora, o admira. Está tão diferente de tudo o que nossa mente possa esperar ver. Ele está tão bem arrumado,  que nele não se vêem feridas nem sangue, mas somente uma luz fulgurante, que sai a jorros das cinco chagas e emana de todos os poros de sua epiderme.
Quando Ele dá o primeiro passo -- e nesse movimento os raios escapam das mãos e dos pés, e forma-se sobre Ele uma auréola em forma de lâminas luminosas, desde a cabeça coroada com uma grinalda, feita com as inúmeras pequenas feridas da coroa, mas que não soltam mais sangue, apenas um fulgor, até na orla do hábito, quando Ele, abrindo os braços que estavam cruzados sobre o peito, descobre a área de uma luminosidade vivíssima, que provém da veste, acendendo-a como um sol, à altura do coração -- então, realmente é a Luz que tomou um corpo.
Não é a pobre luz desta Terra, não é a pobre luz dos astros, não é a pobre luz do sol. Mas é a Luz de Deus: todo o fulgor do Paraíso, que se reúne em um só Ser, e lhe doa os seus azuis, os candores angelicais como veste e colorido, o super-eminente ardor da Santíssima Trindade que anula, com seu poder ardente, todo o fogo do Paraíso, absorvendo-o em Si, para gerá-lo de novo em cada um dos momentos do Templo eterno, Coração do Céu, que atrai e espalha o seu sangue, as inumeráveis gotas do seu sangue incorpóreo: os bem-aventurados, os Anjos, tudo o que há no Paraíso: o amor de Deus, tudo isso é a luz que existe, que forma o Cristo ressuscitado.
Quando Ele se move de um lugar para outro, indo no rumo da saída, e os olhos podem ver para lá dos seus fulgores, eis que umas luminosidades belíssimas, mais parecidas a estrelas, sem comparação com o sol, aparece-me uma de lá  outra de cá, prostradas em adoração ao seu Deus, que vai passando envolvido em sua Luz, tornando a todos felizes com o seu sorriso, e, quando sai, abandonando aquela gruta fúnebre, e tornando a pisar na terra, que desperta cheia de alegria, e brilha, toda ela, em suas orvalhadas, sobre as cores das ervas e dos roseirais, nas inúmeras corolas do mel, que se abrem, por um prodígio, ao primeiro raio do sol que as beija, o Sol eterno pelo meio delas vai passando.
Os guardas estão fora de si... As forças, corrompidas do homem não vêem a Deus, enquanto que as flores do universo – as flores, as ervas, os pássaros, admiram e veneram o Poderoso que passa num nimbo de luz própria e em um nimbo de luz solar.
O seu sorriso, o olhar que pousa sobre as flores, as ramagens, que se erguem para o céu sereno, aumentam em tudo sua beleza. As mais macias e esfumadas flores de um sedoso roseiral, são milhões de pétalas que formam uma espuma florida sobre a cabeça do Vencedor. E os mais vívidos são os diamantes das orvalhadas, e mais azul é o céu, como os seus olhos pungentes; e festivo está o sol, que pincela com traços de alegria uma nuvenzinha transportada por um vento leve, que vem beijar o seu Rei com fragrâncias raptadas dos jardins e com carícias de pétalas sedosas.
Jesus levanta a mão e abençoa, e depois, enquanto mais forte estão cantando os passarinhos e o vento traz perfumes, desaparece de minha vista, deixando-me numa alegria, que cancela até a mais leve lembrança de tristezas e sofrimentos e dúvidas sobre o dia de amanhã.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 10, pgs 217 a 220)

sábado, 29 de agosto de 2015

A PAIXÃO DE JESUS E DE MARIA E A COMPAIXÃO DE JOÃO


 A PAIXÃO DE JESUS E DE MARIA E A COMPAIXÃO DE JOÃO


Diz Jesus:

Tu viste quanto custa ser Salvadores. Viste em Mim e em Maria. As nossas torturas conhecestes, e viste com que generosidade, com que heroísmo, com que paciência, com que humildade, com que constância, com que fortaleza as suportamos pela caridade de salvar-vos.
Todos aqueles que pedem ao Senhor Deus para fazer deles “salvadores”, devem pensar bem que Eu e Maria somos os modelos e que aquelas são as torturas que devem compartilhar para salvar. Não serão a cruz, os espinhos, os pregos, os flagelos materiais. Serão outras, de outra forma e natureza. Mas igualmente dolorosos e igualmente consumantes. E é somente consumando o sacrifício entre aquelas dores que se pode tornar-se salvadores.
É uma missão austera. A mais austera de todas. Aquela a respeito da qual a vida do monge e da monja da regra mais severa é uma flor, comparada a um monte de espinhos. Porque esta não é uma regra de ordem humana. Mas regra de um sacerdócio, de uma consagração divina, cujo fundador sou Eu, Eu que consagro e acolho em minha Regra, em minha Ordem, os eleitos dela, e impondo a eles o meu hábito a dor total, até o sacrifício.
Tu viste os meus sofrimentos. Eles foram para reparar as vossas culpas. Nada em meu corpo foi excluído deles, porque nada no homem é ausente de culpa e todas as partes do vosso eu físico e moral, aquele eu que Deus vos deu com uma perfeição de obra divina e que vós aviltastes com a culpa do progenitor e com as vossas tendências ao mal, com a vossa vontade escrava, são instrumentos de que vos servis para realizar o pecado.
Mas Eu vim para anular os efeitos do pecado com meu Sangue e a minha dor, lavando as vossas partes físicas e morais neles, para limpá-las e para torná-las fortes contra as tendências culpáveis.
As minhas mãos foram feridas e aprisionadas, depois de serem forçadas a levar a Cruz, para reparar todos os delitos pela mão do homem. Daqueles verdadeiros e próprios para reger e manobrar uma arma contra um irmão, fazendo de vós Cains, aqueles membros capazes de roubar, de escrever falsas acusações, de fazer atos contra o respeito do vosso e dos outros corpos, e de ficar no ócio, que é terreno propício dos vícios. Pela vossa ilícita liberdade das mãos fiz crucificar as minhas, pregadas ao lenho, privando-as de todo modo mais que lícito e necessário.
Os pés de vosso Salvador, depois de terem sido afadigados e contundidos sobre as pedras de meu caminho de Paixão, foram transpassados, imobilizados para reparar todo o mal que vós fazeis com os pés, fazendo deles o meio para ir aos vossos delitos, furtos, fornicações. Assinalei as vias, as praças, as casas, as escadas, de Jerusalém, para purificar todas as vias, praças, escadas, casas da terra, de todo mal que havia nascido dentro e sobre elas, semeado nos séculos passados e nos séculos futuros pelo vosso mal querer, obediente as instigações de Satanás.
As minhas carnes foram maculadas, contundidas, laceradas para punir em Mim todo o culto exagerado, a idolatria que vós dais à vossa carne, e que amais por capricho de sentido e também por afeto que em si não é reprovável, mas que tornais tal, amando um progenitor, um cônjuge, um filho, um irmão mais do que amais a Deus.
Não. Sobre todo amor e todo vínculo na terra há, deve haver o amor pelo Senhor Deus vosso. Nenhum, nenhum outro afeto deve ser superior a este. Amai os vossos em Deus. Amai com tudo de vós mesmos a Deus. Isso não impedirá o vosso amor, a ponto de vos tornardes indiferentes aos que estão próximos, mas antes alimentará o vosso amor por eles com a perfeição desejada por Deus, porque quem ama a Deus, tem Deus em si e tendo Deus tem a Perfeição.
Eu fiz de minhas carnes uma chaga para lavar as vossas do veneno dos sentidos, do não pudor, do não respeito, da ambição e admiração pela carne destinada a tornar-se pó. Não é com o culto à carne que se leva a carne à beleza. É com a separação dessa que se dá a ela a Beleza eterna no Céu de Deus.
A minha cabeça foi torturada por mil torturas: as batidas, o sol, os gritos, os espinhos, para reparar as culpas de vossa mente. Soberba, impaciência, falta de suportação do sofrimento pululam como cogumelos em escrínio decorado de sangue, para reparar tudo o que brota de vosso pensamento.
A única coroa que Eu quis, tu viste. A coroa que só um louco ou supliciado pode levar. Ninguém que seja são de mente (humanamente falando) e livre de si, se impõe tal coroa. Mas Eu era julgado um louco, sobrenaturalmente, divinamente louco era, querendo morrer para vencer o Mal em vós, sabendo que o amais mais que a Deus, e estava à mercê do homem, seu prisioneiro, seu condenado. Eu, condenado pelo homem.
Quantas impaciências vós tendes por quase nada, quantas incompatibilidades por coisas vãs, quantas dificuldades para aceitar o mal estar! Mas olhai o vosso Salvador. Meditai o que deveria haver de excitante naquele mudar contínuo de lugar, naquele arrancar os cabelos, naquele agarrar contínuo, movendo a cabeça, apoiando-a sem modos como um tormento! Mas pensai o que era para minha cabeça torturada, dolorosa, febril, os gritos da multidão, as batidas, o sol quente! Mas refleti que dor deveria ter em minha cabeça durante a agonia da Sexta-feira, já transformada em dor pelo esforço da noite de quinta-feira, em minha pobre cabeça, na qual a saliva da febre de todo corpo dilacerado e das intoxicações provocadas pelas torturas.
E na cabeça os olhos tiveram a sua dor, e a tiveram a boca, o nariz e a língua. Para reparar os vossos olhares amantes de ver aquilo que é mal, e tão esquecidos de procurar Deus, para reparar às muitas rudes e luxuriosas palavras que dizeis, em vez de usar os lábios para pregar, para ensinar, para confortar, tiveram a sua tortura o nariz e a língua para reparar os vossos ciúmes e a vossa sensualidade do olfato, pelos quais também cometeis imperfeições que são terreno para as mais graves culpas, e culpas com avidez de alimentos supérfluos, sem piedade de quem tem fome, de alimentos que vos podeis permitir muitas vezes recorrendo a meios ilícitos de conseguir.
Os meus órgãos não estiveram livres de sofrimentos. Nenhum deles. Sufocações e tosse para os pulmões contundidos pela bárbara flagelação e tornados edemáticos pela posição na cruz. Afã e dor ao coração destroçado e tornado enfermo pela cruel flagelação, pela dor moral que havia precedido, pela fadiga da subida sob o grave peso do lenho, pela anemia consecutiva a todo o sangue perdido. Fígado congestionado, baço, rins contundidos e congestionados.
Tu viste a coroa arroxeada que estava em torno de meus rins. Os vosso estudiosos, para dar uma prova à vossa incredulidade com respeito aquela prova de meu sofrimento, que é a Síndone, explicam como o sangue, o suor cadavérico e a uréia de um corpo super fatigado puderam, misturando-se aos aromas, produzir aquela natural pintura do meu corpo extinto e torturado.
Melhor seria crer sem ter necessidade de tantas provas para crer. Melhor seria dizer: “ Isto é obra de Deus!” e bendizer a Deus que vos concedeu ter a prova indubitável de minha Crucificação e das precedentes torturas!
Mas porque, agora, não sabeis mais crer com a simplicidade das crianças, mas tendes necessidade de provas científicas --- pobre fé a vossa, que sem o apoio e o aguilhão da ciência não sabe estar firme e caminhar --- sabei que as contusões ferozes dos meus rins foram os agentes químicos mais potentes do milagre da Síndone. Os meus rins, quase exauridos pelos flagelos, não puderam mais trabalhar. Como aqueles queimados pelas chamas, foram incapazes de filtrar, e a uréia acumulou-se e se espalhou em meu sangue, em meu corpo, dando os sofrimentos da intoxicação urêmica, e o reagente que transpirando do meu cadáver fixou a imagem sobre a tela. Mas quem é médico entre vós, ou quem entre vós está doente de uremia, pode compreender quais sofrimentos deveriam dar-me as toxinas urêmicas, tão abundantes a ponto de ser capazes de produzir a imagem indelével.

                                                A Síndone, ou O Sudário de Turim.


  A sede. Que tortura a sede! Porém tu viste. Não houve alguém, entre tantos, que naquelas horas soube dar-me uma gota de água. Desde a Ceia, Eu não tive nenhum conforto. E febre, sol, calor, poeira, sangramentos, davam tanta sede ao vosso Salvador.
Tu viste que rejeitei o vinho com mirra. Não queria adoçar meus sofrimentos. Quando alguém se oferta como vítima, é necessário ser vítima sem transações piedosas, sem comprometimentos, sem adoçamentos. É necessário beber o cálice assim como nos é dado. Experimentar o azedo e o fel até o fim. Não o vinho drogado que produz um alívio da dor.
Oh! A sorte de vítima é bem severa! Mas, bem-aventurado quem q elege por sua sorte.
Este é o sofrer de teu Jesus em seu Corpo inocente. E não te falo das torturas do afeto por minha Mãe e pela sua dor. Era necessária aquela dor. Mas para Mim foi uma separação cruel. Só o Pai sabe o que sofreu o seu Verbo no espírito, na moral, no físico! Também a presença da Mãe, se foi a coisa mais desejada de meu coração, que tinha necessidade de ter conforto na solidão infinita que o circundava, infinita, solidão provinda de Deus e dos homens, foi uma tortura.
Ela devia estar lá, anjo de carne para impedir à desesperação de assaltar-me, como o anjo espiritual a havia impedido no Getsêmani; devia estar lá para unir a minha dor à sua pela vossa Redenção; devia estar lá para receber a investidura de Mãe do gênero humano. Mas vê-la morrer a cada frêmito meu, foi a minha grande dor. Nem mesmo a traição, nem o conhecimento que o meu Sacrifício seria inútil para tantos, estas duas dores que poucas horas antes me pareceram tão grandes até o ponto de fazer-me suar sangue, eram incomparáveis com esta.
Mas tu viste como foi grande Maria naquela hora. A separação não a impediu de ser mais forte que Judite. Esta matou. Aquela se fez matar através de sua Criatura. E não imprecou, e não odiou. Rezou, amou, obedeceu. Mãe sempre, até em pensar, no meio daquelas torturas que o seu Jesus tinha necessidade de seu véu virginal, sobre suas carnes inocentes para defesa de seu pudor. Ela soube ser ao mesmo tempo Filha dos Céus e obedecer à sua tremenda vontade naquela hora. Não imprecou, não se rebelou. Nem a Deus, nem aos homens. Perdoou a estes. Disse “Fiat” Àquele.
Também depois tu a ouviste: “Pai, eu te amo e Tu nos amaste!” Recorda e proclama que Deus a amou e lhe renova o seu ato de amor. Naquela hora! Depois que o Pai a transpassou e tirou sua razão de ser. Ama-o. Não diz: “Não te amo, porque me golpeaste!” Ama-o, e não se aflige pela sua dor. Mas por aquela sofrida pelo Filho. Não grita pelo seu coração despedaçado, mas pelo meu transpassado. Disto pede razão ao Pai, não de sua dor. Pede razão em nome de seu Filho.
Ela é bem a esposa de Deus. Ela é bem aquela que concebeu pela união com Deus. Ela sabe que o contato humano não gerou a sua Criatura, mas somente o Fogo aceso pelo Céu, que penetrou em seu seio imaculado e depois o Germe divino, a carne do Homem-Deus, do Deus-Homem, do Redentor do mundo.
Ela sabe, e como esposa e mãe, pede razão daquela ferida. As outras deveriam ser dadas. Mas esta, quando tudo foi realizado, por quê?
Pobre Mãe! Houve um porque, que a tua dor não te permitiu ler sobre a minha ferida. E foi para que os homens vissem o Coração de Deus. Tu o viste Maria. E não o esquecerás jamais.
Mas, o vês? Maria, não obstante não veja naquele momento as razões sobrenaturais daquela ferida, pensa logo que essa me fez mal e bendisse a Deus. Que aquela ferida faça tanto mal a ela, pobre Mãe. Ela não percebe. Não me fez mal a Mim, e isto basta e serve para bendizer Deus que a imola.
Pede unicamente um pouco de conforto para não morrer. É necessária à Igreja nascente, da qual foi criada Mãe, poucas horas antes. A Igreja, como um recém-nascido, tem necessidade de cuidados e de leite materno. Maria o dará à Igreja, sustentando os apóstolos, falando a estes do Salvador, rezando pela Igreja. Mas como o poderia fazer, se morresse naquela tarde? A Igreja, que tinha poucos dias por permanecer sem seu Chefe, permaneceria totalmente, se também a Mãe partisse. E a sorte dos recém-nascidos órfãos é sempre precária.
Deus não desilude jamais uma justa oração e conforta os seus filhos que esperam nele. Maria prova-o no conforto de Verônica. Ela, a pobre Mãe, estampou nos olhos a efígie do meu Rosto morto. Mas não pode resistir a este olhar. Não é mais o seu Jesus aquele, envelhecido, sofrido, com os olhos fechados que não a observam, com a boca contorcida que não lhe fala e sorri. Mas eis um Rosto que é de Jesus vivo, doloroso, ferido, mas vivo ainda. Eis o seu olhar que a olha, e a sua boca parece dizer: “Mamãe!” Eis o seu sorriso que a saúda ainda.


Oh! Maria! Procura o teu Jesus em tua dor. Ele virá sempre e te olhará, e te chamará, te sorrirá. Partilharemos a dor, mas estaremos unidos!
João, o pequeno João, partilhou com Maria e com Jesus a dor. Sê como João, sempre. Também nisto. Já te disse: “Não serás grande pela contemplação e pelos ditados. Estes são meus. Mas pelo teu amor. E o amor maior é compartilhar da dor.” Isto dá o modo de intuir os mínimos desejos de Deus e de torná-los realidade, apesar dos obstáculos.
Olha com que viva e delicada sensibilidade João se conduz na noite de Quinta-feira até a noite de Sexta-feira. E além disso, mas observemo-lo naquelas horas.
Um momento de desânimo. Uma hora de peso. Mas, superado o sono com o acontecimento da captura e do amor, ele vem, saindo atrás de Pedro, para que o Mestre tenha um conforto vendo o Chefe dos apóstolos e o Predileto entre os apóstolos.
E depois pensa na Mãe, à qual qualquer cruel poderia capturar. E vai até Ela. Ele não sabe que Maria já vive a separação do Filho e que, enquanto os apóstolos dormiam, Ela velava e orava, agonizando com o Filho. Ele não sabia. E vai a Ela e a prepara para a notícia.
E depois faz o caminho entre a casa de Caifás e o Pretório, a casa de Caifás e a casa real de Herodes, e da casa de Caifás ao Pretório. E faz isso aquela manhã, atravessando a multidão embriagada de ódio, com as vestes que o acusam como Galileu, isso não é fácil. Mas o amor o sustém e ele não pensa em si, mas nas dores de Jesus e de sua Mãe. Poderia ser lapidado, porque é seguidor do Nazareno. Não importa. Ele desafia tudo. Os outros fugiram, estão escondidos, a prudência e o medo os conduzem. A ele é o amor que conduz, e permanece e se mostra. É um puro. O amor prospera na pureza.


E se a sua piedade e o seu bom senso o induzem a manter Maria longe da multidão e do Pretório --- ele não sabe que Maria compartilha todas as torturas do Filho, sofrendo-as espiritualmente --- quando julga ser a hora que Jesus tem necessidade da Mãe e que não é lícito manter ainda a Mãe separada do Filho, ele a conduz a Ele, a sustenta, a defende.
O que é aquele punhado de pessoas fiéis: um homem só, inerme, jovem, sem autoridade, como chefe de poucas mulheres, contra toda uma multidão bestializada. Nada. Um monte de folhas que o vento pode dispersar. Uma pequena barca sobre um oceano em tempestade que a pode fazer submergir. Não importa. O amor é a sua força e a sua vela. Ele vai armado pelo amor, e com este protege a Mulher e as mulheres até o fim.
João possui o amor de compaixão como nenhum outro no mundo, exceto com o de minha Mãe. Ele é modelo dos amorosos deste amor. É o teu mestre nisto. Segue-o no exemplo que te dá de pureza e de caridade, e serás grande.
Vai em paz, agora.
Te abençôo.


( O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 180 a 186)




Sobreposição dos rostos do Sudário de Turim e do Véu de Verônica, mostram em sua junção o rosto mais provável e real de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Para quem tem alguma dúvida a respeito das relíquias de Cristo, aconselho ler o meu Livro “ O Banquete da Verdade”, que pode ser lido neste blog, basta clicar em cima da imagem do livro ao lado. Resumindo vocês encontrarão as seguintes conclusões:
O sequenciamento das evidencias comprovadas cientificamente, se auto-confirmando tira as dúvidas com relação às relíquias de Jesus. Para o Sudário de Turim, é acrescida como prova de autenticidade do mesmo a Túnica de Argenteuil, a que Jesus estava quando carregou a Cruz, com o mesmo tipo de sangue e outras evidências, mostrando que foram da mesma pessoa.  Se ainda ficou alguma dúvida, é acrescido o Sudário de Oviedo com o mesmo tipo de sangue do Sudário de Turim, além de outras evidências, onde este pano de Oviedo esteve sobre a cabeça do corpo coberto pela mortalha no sepulcro comprovadamente. Se ainda ficou alguma dúvida, é acrescido o Véu de Verônica que sobrepõe o rosto do Sudário provando ser da mesma pessoa, ou seja, o que carregou a cruz é o mesmo que estava coberto pela mortalha.
O sangue dos milagres Eucarísticos são do tipo sanguíneo AB, que confirmam o mesmo da Túnica, do Manto de Oviedo e do Santo Sudário de Turim, sugerindo ser todos da mesma pessoa.
Com relação a evidencia da ressurreição de Cristo, tão contestada mesmo diante de tantas provas, somente um corpo desmaterializado e sobrenaturalmente luminoso poderia transpassar o tecido e nele deixar uma imagem tão perfeita no tecido. Ou seja, um espírito de luz na forma humana transpassou o tecido e nele sua imagem ficou. Não existe outra hipótese para esta miraculosa imagem, a não ser dizer: Jesus ressuscitou, Jesus é Deus!
O que podemos constatar depois de tantas evidências da autenticidade das relíquias de Cristo, é a de que não se pode mais contestá-las. O Santo Sudário de Turim, o de Oviedo, a Túnica de Argenteuil e o Véu de Verônica estiveram comprovadamente em contato com o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo sem a menor sombra de dúvida. Estas relíquias são um " Cala-te boca" no ateísmo.
A paz de Jesus.














sexta-feira, 28 de agosto de 2015

SOBRE O GÊNESIS

                                                     CAIM MATA ABEL


SOBRE O GÊNESIS


Diz Jesus:

No Gênesis se lê: “Então Adão pôs em sua mulher o nome de Eva, por ser ela a mãe de todos os viventes.”
Oh! Sim. A mulher era nascida da “Virago”, que Deus havia formado para ser companheira de Adão, tirando-a da costela do homem. Ela nascera com o seu destino doloroso, porque tinha querido nascer. Pois tinha querido conhecer o que Deus lhe havia ocultado, reservando para si a alegria de dar-lhe a alegria de uma posteridade sem o aviltamento da sensualidade. A companheira de Adão tinha querido conhecer o bem, no bem aparente. Porque, seduzida como tinha sido por Lúcifer, tinha o desejo de conhecer coisas que só Deus podia conhecer sem perigo, e se tinha tornado criadora. Mas, usando indignamente essa força de bem, a tinha corrompido praticando um ato mau, que foi a desobediência a Deus, e a malícia e cobiça da carne.
Ela já era a “mãe”. Havia um pranto sem parar ao redor de sua rainha profanada. E um pranto desolado da rainha por causa daquela profanação, cuja realidade Ela compreende e sabe que não pode desfazer-se. Se as trevas e os cataclismos acompanharam a morte do inocente, também as trevas e a tempestade acompanharam a morte do inocente e da Graça que havia nos corações dos Progenitores. E assim tinha nascido a dor sobre a terra. E a Providência de Deus não quis que ela fosse eterna, dando-vos depois de muitos anos de dor, a alegria de sair da dor para entrar na alegria, se souberdes viver com reta intenção.
Ai do homem, se ele tivesse devido, com suas forças humanas, fazer-se o dono da vida! E ter que viver com a lembrança dos seus delitos e um contínuo aumento deles, porque viver sem pecar é mais impossível do que viver sem respirar, sendo vós as criaturas, que havíeis sido criadas para conhecer a Luz, mas que a Treva por si mesma envenenou, fazendo delas as suas vítimas. A Treva! Ela vos rodeia continuamente. Ela vos envolve, fazendo renascer tudo o que o Sacramento desfez, e porque vós contra ela não opondes a vontade de serdes de Deus, chega a envenenar-vos de novo com seu veneno, que o Batista em vós havia tornado inócuo.
Deus Pai afastou o homem, de cuja desobediência eram evidentes os sinais do lugar de delícias paradisíacas, a fim de que ele não pecasse uma segunda vez, e até mais ainda, levantando sua mão de ladrão para a árvore a vida. Não podia mais o Pai confiar em seus filhos, nem sentir-se seguro em seu Paraíso Terrestre. Pois Satanás havia penetrado nele, para armar ciladas às suas criaturas prediletas. E tinha podido seduzi-los à culpa, quando eles eram inocentes, com mais facilidade teria podido fazê-lo agora, quando eles não eram mais inocentes.
O homem havia desejado possuir tudo, não deixando para Deus o tesouro que era ser Ele o Criador. Se ele ficasse agora com a riqueza conquistada pela violência, e a levasse consigo para a terra do exílio, a fim de fazê-lo lembrar-se sempre do seu pecado, como um rei aviltado e despojado dos seus bens. A criatura paradisíaca se havia tornado uma criatura terrestre. E deviam passar por séculos de dor, porque o Único que podia estender a mão para o fruto da Vida, se aproximasse e colhesse daquele fruto, para toda a Humanidade, e o colhesse com suas mãos transpassadas, e o desse aos homens, a fim de que eles se tornassem co-herdeiros do Céu e possuidores da vida que não morre nunca.
Diz ainda o Gênesis: “ Depois Adão conheceu sua mulher Eva.” Tinham querido conhecer os segredos do bem e do mal. Justo era que conhecessem agora também a dor de terem que reproduzir-se a si mesmo na carne, tendo a ajuda direta de Deus somente para aquilo que o homem não pode criar: o espírito, centelha que vem de Deus, sopro que por Deus é infundido, selo que põe sobre a carne o sinal do Criador Eterno. E Eva deu a luz Caim.
Eva estava com a carga de sua culpa. Chamo aqui a vossa atenção sobre um fato que, para a maior parte das pessoas, passa despercebido. Eva estava sob o peso de sua culpa. Nem a dor tinha sido ainda na medida suficiente para diminuir sua culpa. Como um organismo carregado de toxinas, ela havia transmitido ao filho tudo o que pululava nela. E Caim, o primeiro filho de Eva, tinha nascido malvado, invejoso, iracundo, luxurioso e perverso, pouco diferente das feras em seu instinto, mas superior a elas, quanto ao que é sobrenatural, porque em seu eu feroz, ele negava o respeito a Deus, para o qual ele olhava como para um inimigo, achando que era permitido não prestar a Ele um culto sincero. E Satanás ainda o excitava mais a zombar de Deus. E quem zomba de Deus não tem mais respeito a ninguém neste mundo. Por isso é que aqueles que estão em companhia dos que zombam do Eterno, conhecem o que é o amargor do pranto, porque para eles não há nenhuma esperança de um amor respeitoso em seus filhos, nenhuma segurança de um amor fiel em seu consorte, nenhuma certeza de uma amizade honesta em seus amigos.
Lágrimas e mais lágrimas regaram o rosto de Eva, e regaram também o seu coração, por causa da dureza de seu filho em rejeitar em seu coração o germe do arrependimento. As lágrimas e mais lágrimas regaram o rosto de Eva, e regaram também o seu coração. As lágrimas e mais lágrimas conseguiram para ele uma diminuição de culpa, porque Deus perdoa, ao ver a dor de quem se arrepende. E o segundo gerado de Eva teve sua alma lavada no pranto da mãe, e foi agradável e respeitoso para com os seus genitores, e devotado para com o seu Senhor, cuja onipotência ele percebia vir raiando dos Céus. E este era a alegria da decaída.
Mas o caminho doloroso de Eva devia ser longo, proporcionado ao seu caminho naquela experiência do que é o pecado. Pois neste houve um frêmito dos sentidos, e naquele um frêmito de espasmos. Neste, beijos. Naquela, sangue. Neste, um filho. Naquele, a morte de um filho. E, de predileto, por sua bondade, Abel se tornou um instrumento de purificação para a culpada. Mas, que dolorosa purificação! Ela encheu com os seus uivos a terra, que ficou horrorizada pelo fratricídio, e misturou as lágrimas de uma mãe com o sangue de um filho, enquanto aquele que o havia derramado, por ter ódio contra Deus e contra o irmão amado por Deus, fugia, perseguido por seu remorso.
Diz o Senhor a Caim: “Por que estás irritado? Pois, se tu faltas contra Mim, ainda te irritas, porque Eu não olho para ti benignamente?”
Quantos Cains há sobre a terra? Eles me prestam um culto cheio de derrisão e hipocrisia, ou não mo prestam absolutamente, e ainda querem que Eu olhe para eles com amor e os encha de felicidade.
Deus é vosso Rei. Não é o vosso servo. Deus é vosso Pai. Mas um pai, nunca é servo, se julgarmos conforme a Justiça. Deus é justo. E vós não o sois. Mas Ele o é. E Ele não pode não castigar-vos, visto que ele vos cumula de benefícios sem medida, contanto que o ameis um pouco, e deixa de dar-vos seus castigos, mesmo quando vê que zombais Dele. Mas a justiça não conhece dois caminhos. Seu caminho é um só. Fazei o bem. Fazei o mal, e tereis o mal. E, poseis crer, é sempre muito mais o bem que recebeis, em comparação com o mal que deveríeis receber, pela vossa maneira de viver, em rebelião contra a Lei Divina.
Foi dito por Deus: “Não é verdade que, se fizerdes o bem, terás o bem, e que, se fizerdes o mal, o pecado estará imediatamente à tua porta?” De fato, o bem produz em nós uma constante elevação espiritual e nos vai tornando sempre mais capazes de fazer um bem sempre maior, até chegarmos a atingir a perfeição, e nos tornarmos santos, ao passo que, basta ceder ao mal, e nos afastarmos da perfeição, do conhecimento de quanto nos domina o pecado, que entra no coração e o faz ir descendo gradualmente a culpabilidades cada vez maiores.
Mas, diz ainda Deus: “Mas abaixo de ti estará o desejo disso, e tu o deves dominar.” Também aos primeiros homens atingidos pelo rigor de Deus, Ele deu inteligência e força moral. Agora, pois, desde quando o Redentor consumou para vós o Sacrifício, vós tendes para ajudar vossa inteligência e vossa força os rios da Graça, e podeis e deveis dominar os desejos do mal. E, com a vossa vontade fortificada pela graça o deveis fazer. Eis aí porque foi que os anjos, em meu Nascimento, cantaram para a terra:”Paz aos homens de boa vontade.” Eu tinha vindo para trazer-vos a graça e, mediante a união dela com a vossa boa vontade, teria vindo aos homens a paz. A paz, que é a glória do Céu de Deus.
E Caim disse a seu irmão: “Vamos lá fora!” Era uma mentira dele, e ele escondia com um sorriso a traição que mata. A delinqüência é sempre mentirosa para com as vítimas e para com o mundo, que ela procura enganar. Ela quereria enganar até a Deus. Mas Deus lê nos corações. “Vamos lá para fora.”
Muitos séculos depois alguém disse: “Salve, Mestre”, e o beijou. Os dois Cains esconderam o delito sob uma aparência inócua, e desafogaram sua inveja, sua ira, sua prepotência e todos os seus maus instintos sobre a vítima, porque se tinham dominado a si mesmos, mas haviam feito do seu espírito o seu próprio eu corrompido. Eva sobe, pela expiação que faz, enquanto Caim desce para o Inferno. O desespero se apoderou dele, e lá o precipita. E, depois do desespero, que é o último golpe mortal dado ao espírito já enfraquecido por seu delito, vem o medo físico, vil, da punição humana. Não pode lembrar-se do Céu o homem que está com sua alma morta. Ele é um animal que tem medo de perder sua vida animal. A morte, cujo aspecto já é um sorriso para os justos, pois é por ela que eles vão para a alegria da posse de Deus, e é terror para aqueles que sabem que morrer quer dizer passar do inferno do coração para o Inferno de Satanás, e para sempre. E, como uns alucinados, vêem de todos os lados a vingança pronta para feri-los.
Mas, ficai sabendo, Eu estou falando aos justos, ficai sabendo que se o remorso e as trevas de um coração culpado dão ocasião, ou fomentam as alucinações do pecador, a ninguém é lícito erigir-se em juiz do irmão, e, muito menos em seu carrasco. Somente um é Juiz: Deus. E, se a justiça do homem criou os seus tribunais, a estes é que toca a tareja de administrar justiça, e ai daqueles que profanarem tal nome, e quiserem julgar pelo critério de suas próprias paixões, ou pelas pressões dos poderes humanos.
Maldito seja quem se fizer carrasco particular de um seu semelhante! Mas maldição ainda maior para aqueles que, sem que o façam por uma irritação irrefletida, mas por um frio cálculo humano, condenam à morte ou à desonra de um cárcere, sem justiça. Porque se aquele que matar será dado um castigo sete vezes maior, como disse o Senhor, assim aconteceria com quem matasse Caim, como aquele que sem julgamento condena, escravizando-se a Satanás, vestindo-se com a veste de autoridade humana, será condenado setenta e sete vezes pelo rigor de Deus.
Seria necessário ter isso sempre presente, especialmente agora, ó homens que vos matais uns aos outros, para fazerdes dos que tombaram a base do vosso triunfo, e não sabeis que estáveis cavando sob os vossos pés o precipício no qual vós precipitareis, amaldiçoados por Deus e pelos homens. Pois Eu disse: “Não matarás.”
Eva sobe pelo seu caminho de expiação. O arrependimento cresce nela, diante das provas de seu pecado. Ela quis conhecer o bem e o mal. E a lembrança do bem perdido é para ela como a lembrança do sol para alguém que de repente tenha ficado cego. E o mal feito está diante dela, nos despojos do seu filho morto, e ao redor dela, pelo vazio criado pelo filho homicida e fujão. Depois disso, nasce Set. E depois e Sete. Enós, o primeiro sacerdote.
Vós inchais vossas mentes com os rios da vossa ciência, e falais de evolução, como para dardes um sinal da vossa formação espontânea. O homem animal, ao evoluir-se se tornará o super-homem. Vós dizeis assim. Sim. Assim é. Mas a meu modo. No meu campo. Não no vosso. Não será passando da espécie dos quadrúpedes para a dos homens, mas sim, passando-se da dos homens para a dos espíritos. E, tanto mais crescerá o espírito, quanto mais evoluirdes.
Vós, que falais de glândulas, e que encheis a boca falando de hipófises, ou pineal, e colocais nesta a sede da via, começada, não no tempo em que viveis, mas nos tempos precedentes e nos que sucederão os atuais, ficai sabendo que a vossa verdadeira glândula, a que faz de vós os verdadeiros possuidores eternos na vida PE o vosso espírito, quanto mais ele se desenvolver, tanto mais possuireis as luzes divinas, e vos transformareis de homens em deuses, deuses imortais, obtendo assim, sem irdes contra o plano de Deus, obedecendo às suas ordens a respeito da árvore da Vida, possuindo esta vida exatamente como Deus quer que a possuais, pois que Ele para vós a criou eterna e brilhante, num abraço feliz com sua eternidade, que vos absorve em si, e vos comunica as suas propriedades.
Quanto mais o espírito tiver evoluído, tanto mais conhecereis a Deus. Conhecer a Deus, quer dizer amá-lo e servi-lo, e, por isso ser capazes de invocá-lo em favor de vós mesmos e dos outros. E com isso vos tornareis os sacerdotes que desta Terra oram a Deus por seus irmãos, visto que o sacerdote é consagrado. Mas também o é o cristão convicto, amoroso e fiel. E assim especialmente o é a alma vítima que se imola a si mesma por um impulso de caridade.
Não é o hábito o que Deus observa, mas a disposição. E, em verdade, Eu vos digo que aos meus olhos aparecem muitos tonsurados, que de sacerdotes só tem a tonsura, e muitos leigos nos quais a caridade que os possui e pela qual eles se deixam consumir é o Óleo da ordenação, que faz deles os meus sacerdotes, desconhecidos pelo mundo, mas conhecidos por Mim, que os abençôo.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 85 a 91) 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

JESUS E MARIA SÃO A ANTÍTESE DE ADÃO E EVA





JESUS E MARIA SÃO A ANTÍTESE DE ADÃO E EVA

Diz Jesus:

A dupla Jesus e Maria forma a antítese de Adão e Eva. Maria é a que foi predestinada para desfazer tudo o que foi feito por Adão e Eva, e colocar de novo, a Humanidade no ponto em que estava, quando foi criada: rica de graça e de todos os dons a Ela dados pelo Criador. A Humanidade passou por uma regeneração completa pela obra dos dois, Jesus e Maria, os quais assim se tornaram os novos chefes da Família humana. Todo o tempo que veio antes deles foi anulado, o tempo e a história do homem passaram a ser contados a partir do momento em que a nova Eva, por uma viravolta na obra de Criação. Tira do seu seio inviolado, por obra do Senhor Deus, o novo Adão.
Mas, para anular as obras dos dois Primeiros, que foram a causa da enfermidade mortal, e de uma mutilação eterna e empobrecimento, isto é, de indigência espiritual, pois que, depois do pecado, Adão e Eva se encontraram despojados de tudo o que lhes havia sido doado, uma riqueza infinita, o Pai Santo tiveram, estes dois Segundos, que agir em tudo de maneira oposta à dos dois Primeiros. Por isso, tiveram que pôr em prática a obediência, até chegarem ao ponto da perfeição de quem se aniquila e se sacrifica na carne, no sentimento, no pensamento e na vontade de aceitar tudo o que Deus quer, e por isso praticar também a pureza, até o grau de uma castidade absoluta, pela qual a carne... para nós dois puros, que é que valia a carne? Era apenas um véu de água sobre o espírito triunfante, uma carícia do vento sobre o espírito rei, o espírito cristal que isola o espírito senhor e não o corrompe, pois é um impulso que ajuda, e não um peso que oprime. Isto é o que foi a carne para nós. Menos pesada e sensível do que uma veste de linho, uma leve substância interposta entre o mundo e o esplendor do eu sobre-humanado, o meio de fazer o que Deus queria. E nada mais.
Terá sido nosso amor? Com certeza. O perfeito amor foi nosso. Não é, ó homens, não é amor a fome de sensualidade, que vos torna cheios de desejo de saciar-vos com alguma carne. Isso é luxúria. E nada mais. E, tanto isso é verdade, que, amando-vos assim, vós credes que isso é amor, e não sabeis compadecer-vos uns dos outros, nem ajudar-vos, nem perdoar-vos. E, então, que é o vosso amor? É ódio. É unicamente o desejo paranóico o que vos impele a preferir o sabor de alimentos podres aos alimentos sãos, como se eles fossem fortificantes dos sentimentos nobres. Nós tivemos o “perfeito amor”. Nós, os castos perfeitos. Este amor abraçava a Deus no Céu, e, unido a Ele, como as raízes ao tronco que as une e as nutre, assim se estendia, e descia, esbanjando o tempo do repouso, do refúgio, de tomar alimento e conforto nesta Terra e em seus habitantes. Ninguém está excluído deste amor. Nem os nossos semelhantes, nem os seres inferiores, nem as ervas, nem as águas, nem os astros, nem mesmo os maus estavam excluídos deste amor. Porque ele também, ainda que fossem membros mortos, contudo sempre eram membros do grande corpo de Cristo, e por isso viam neles, ainda que deturpada e enfeada, por suas maldades, a santa efígie do Senhor, que a sua imagem e semelhança os havia criado.
Regozijando-se com os bons, orando (o que vem a ser um amor ativo que se manifesta com o pedir e receber proteção para quem se ama), rezando pelos bons, a fim de que se tornem sempre melhores e se aproximem sempre mais da perfeição do Bom, que lá dos Céus nos ama, orando por aqueles que ficam vacilando entre a bondade e a maldade, para que se fortalecessem e coubessem persistir no caminho santo, rezando pelos maus, a fim de que a Bondade falasse aos seus espíritos, os derrubasse talvez com o fulgor do seu poder, mas os convertesse ao Senhor seu Deus.
Nós amamos como ninguém mais amou. Nós estimulamos o amor até às alturas da perfeição, para encher com o nosso oceano de amor o abismo que foi cavado pela falta de amor dos Primeiros, que amaram a si mesmos mais do que a Deus. Querendo ter mais do que era lícito para se tornarem superiores a Deus.
Por isso, Eu dou valor à pureza, à obediência e a caridade, mais do que a todas as riquezas da terra: a carne, o poder, o dinheiro, esse trinômio de Satanás, oposto ao trinômio de Deus: a fé, a esperança e a caridade. E, portanto, ao ódio, à luxúria, à ira, à soberba, as quatro paixões perversas, que são as antíteses das quatro virtudes santas: a fortaleza, a temperança, a justiça e a prudência. Nós devemos viver na constante prática de tudo o que era oposto ao modo de agir do casal Adão e Eva.
E, se ainda nos foi fácil fazer isso, por causa de nossa boa vontade, somente o Eterno é que sabe como precisou ser heróico cumprir esta prática em certos momentos e em certos casos. Eu só quero aqui falar de minha Mãe. De minha Mãe. Não de Mim. Da nova Eva, a qual havia rejeitado desde os mais tenros anos, os afagos usados por Satanás para induzi-la a morder o fruto, a provar o sabor dele, o que fez ficar louca a companheira de Adão. A nova Eva não se limitou a rejeitar Satanás, mas o havia vencido, esmagando-o por sua vontade de obediência, de amor e de uma castidade tão ampla, que ele, o Maldito ficou realmente esmagado e domado. Não! Não, porque Satanás não pode sair debaixo do calcanhar de minha Mãe Virgem. Ele se baba e espuma, ruge e blasfema. Mas sua baba cai no chão, e o seu urro não chega até ao redor do ar que rodeia a Santa, a qual não percebe o fedor nem as risadas dos demônios, nem vê, não pode ver a baba nojenta da Serpente eterna, porque as harmonias celestes e os celestes aromas rodeiam com amor a sua Santa pessoa, a bela pessoa, e porque os olhares dela, mais puros do que o lírio, e mais cheios de amor do que o da pomba, que arrulha, fiel somente ao seu Senhor Eterno, do qual Ela é Filha, Mãe e Esposa.
Quando Caim matou Abel, a boca de sua mãe proferiu as maldições que o seu espírito, separado de Deus, sugeria contra o seu próximo mais íntimo: o filho de suas vísceras profanadas por Satanás e tornadas feias por um desejo desregrado. E aquela maldição foi a mancha no reino animal humano. Era o sangue sobre a terra, derramado pela mão do irmão. O primeiro sangue que atrai, como um imã milenário, todo sangue que a mão do homem derrama, fazendo-o verter das veias do homem.
Maldição sobre a terra, proferida pela boca do homem. Como se a terra não tivesse já bastante maldita, por causa do homem rebelde ao seu Deus, e não tivesse ainda devido conhecer os abrolhos e espinhos, a dureza das glebas, as secas, as saraivadas, as geadas e as canículas, desta Terra que havia sido criada perfeita e servida Poe elementos perfeitos, a fim de ser a morada cômoda e bela para o seu rei: o homem.
Maria deve desfazer o que Eva fez. Maria vê o segundo Caim: o Judas. Maria sabe que ele é o Caim do seu Jesus, isto é, do seu Abel. Ela sabe que o sangue deste segundo Abel foi vendido por aquele Caim, e já está derramado. Mas Ela não amaldiçoa. Ela ama e perdoa. Ama e torna a chamar.
Oh! A Maternidade de Maria, a Mártir. Maternidade sublime, tanto a tua, que é virginal e Divina! Foi com esta última que Deus te presenteou. Mas, com a primeira Tu, ó Mãe Santa, ó Co-redentora, tu mesma te presenteaste, porque és Tu. Somente Tu é que pudeste naquela hora com o coração moído por aqueles flagelos, que haviam moído minhas carnes, soubeste dizer a Judas aquelas palavras. Tu, somente Tu, soubeste naquela hora, quando já sentias o peso da cruz que te rachava o coração, soubeste amar e perdoar.
Maria, a nova Eva. Ela nos ensina a nova religião que leva o amor a perdoar a quem lhe mata um filho. Não sejais como o Judas que, a esta Mestra da Graça fecha seu coração, e perde a esperança, quando diz: “Ele não me pode perdoar”, pondo assim em dúvida as palavras da Mãe das Verdades, e que por isso eram palavras minhas, que haviam sempre repetido que Eu havia vindo para salvar, e não para perder. Para perdoar a quem, arrependido, vinha a mim.
Maria, a nova Eva, também ela recebeu de Deus um novo Filho, em lugar de Abel, matado por Caim. Mas não o teve como uma hora de alegria brutal, que torna anestesiada a dor, sob os vapores da sensualidade e as canseiras do acasalamento. Mas o teve em uma hora de dor total, aos pés de um patíbulo, por entre os estertores do moribundo, que era o seu Filho, os impropérios de uma multidão deicida, e uma desolação imerecida e total, já que Deus não mais a consolava.
A vida nova começa para a Humanidade e para cada um dos homens, partindo de Maria. Em suas virtudes e em seu modo de viver, ela é vossa escola. E em sua dor Ela teve todas as fisionomias, até a do perdão para aquele que matou seu Filho. Ela é a vossa salvação.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 82 a 85)




NINGUÉM JAMAIS AMOU MAIS A HUMANIDADE DO QUE A SAGRADA FAMÍLIA.



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

CONSIDERAÇÕES SOBRE PILATOS


CONSIDERAÇÕES SOBRE PILATOS

Diz Jesus:

Quero fazer-te meditar sobre o ponto que se refere aos meus encontros com Pilatos.
João, que tendo estado quase sempre presente, ou pelo menos muito perto, é a testemunha e o narrador mais exato, é ele quem conta como da casa do Caifás eu fui levado ao Pretório. E especifica: “ de manhã cedo”. De fato, tu o viste, quando o dia estava apenas começando. E especifica mais ainda: “ eles(os Judeus) não entraram para não se contaminarem, e poder comer a Páscoa.”
Hipócritas como sempre, eles encontram perigo de contaminar-se ao pisar a poeira da casa de um gentio, mas não encontram pecado em matar um inocente e, com ânimo satisfeito pelo delito realizado, puderam saborear melhor ainda a Páscoa. Eles têm também muitos seguidores. Todos aqueles que em seu interior fazem o mal e no exterior professam respeito à religião e amor a Deus são semelhantes a estes. Fórmulas, fórmulas, e não verdadeira religião! Esses me causam repugnância e desprezo.
Não tendo os judeus entrado, Pilatos saiu para ouvir o povo que estava gritando, e, como ele tinha experiência no governo e no julgamento, só com um olhar compreendeu logo que o réu não era Eu, mas, sim, aquele povo cheio de ódio. O encontro de nossos olhares foi também uma leitura de nossos corações. Eu julguei o homem por aquilo que ele era, e ele me julgou pelo que Eu era. Em Mim senti piedade para com ele, pois era um homem fraco. E nele veio a piedade para comigo, porque Eu era um inocente. No primeiro momento, ele procurou salvar-me. E, visto que somente a Roma era outorgado e reservado o direito de exercer a justiça contra os malfeitores, ele tentou me salvar dizendo: “Julgai-o conforme a vossa lei.”
Mostrando-se hipócritas pela segunda vez. Os judeus não quiseram condenar-me. É verdade que Roma tinha o direito de fazer justiça, mas quando, por exemplo, Estêvão foi apedrejado, Roma naquele tempo imperava sobre Jerusalém, e eles, não obstante isso, definiram e consumaram o julgamento e o suplício, sem se preocuparem com Roma. Mas comigo, de quem eles tinham não amor, mas ódio e medo, pois não queriam reconhecer-me como Mestre, mas também não queriam matar-me materialmente, na dúvida de que Eu o fosse, agitavam-se de uma maneira diferente, e passaram a acusar-me como sublevador do povo contra o poder de Roma, vós diríeis hoje: “como um” rebelde”, para assim conseguirem que Roma me julgasse.
Em sua reunião infame, e mais vezes durante os três anos do meu ministério, eles me haviam acusado de ser um malfeitor e um rebelde. Não há nada de mais fácil, quando as multidões estão pervertidas e seus chefes estão endemoninhados, do que acusar um inocente, a fim de satisfazerem à sua libidinagem, ferocidade e usurpação, e liquidar a quem representar um obstáculo a um julgamento.
Voltemos agora aos tempos de outrora. O mundo de vez em quando, depois de ter ficado incubando suas idéias perversas, explode nessas manifestações de perversidade. Como uma enorme gestante, a multidão, depois de ter nutrido em seu seio, com as doutrinas da fera, o seu monstro, o dá a luz, para que ele passe a devorar. A devorar em primeiro lugar os melhores, e depois a devorar a si mesma.
Pilatos entra de novo no Pretório, e me chama para perto dele. E me faz perguntas. Ele já tinha ouvido falar de Mim. Entre os seus centuriões havia alguns que repetiam o meu Nome com um amor cheio de reconhecimento, com lágrimas nos olhos e o sorrir nos corações, e falavam de Mim como de um benfeitor. Nos seus relatórios ao Pretor, interrogados sobre este Profeta, que atraía para Si as multidões, e pregava uma doutrina nova, na qual se falava de um Reino estranho, inconcebível para a mente pagã, eles haviam sempre atestado que Eu era um manso, um bom, que não ia atrás das honras desta terra, mas que inculcava e praticava o respeito e a obediência para com aqueles que são as autoridades. Mais sinceros do que os israelitas, eles viam e depunham em favor da verdade.
No último domingo, ele, atraído pelo clamor da multidão, se tinha deixado ver na rua, e tinha visto passar sobre uma jumentinha um homem desarmado, que abençoava, e estava rodeado de crianças e de mulheres. Ele tinha compreendido que não podia, com certeza ser um perigo para Roma um homem como aquele.
Por isso é que ele quer saber se Eu sou rei. Em sei irônico cepticismo pagão, ele queria rir-se um pouco desta realeza que vai montada em um burro e que tem por seus cortesãos uns meninos descalços, umas mulheres sorridentes, uns homens do povo, desta realeza que há três anos Ele vem pregando, que não sente atração pela riqueza, nem pelo poder, e que não fala de outras conquistas, a não ser daqueles do espírito e da alma.
E que é que vem a ser a alma para um pagão? Pois nem os deuses deles têm uma alma. E então, o homem é que a irá ter? E agora mesmo este rei sem coroa, sem palácio real, sem corte, sem soldados e que repete que o seu reino não é deste mundo. E isso é tão verdade, que nenhum ministro e nenhuma milícia se levanta para defender o seu rei, e arrancá-lo das mãos dos seus inimigos.
Pilatos, sentado em seu trono, me fica perscrutando, porque para ele Eu sou um enigma. Se ele livrasse sua alma dos cuidados humanos, do orgulho do cargo, do erro do paganismo, logo compreenderia quem Eu sou. Mas, como pode a luz penetrar num lugar onde há muitas coisa fechando as aberturas para que a luz não entre?
É sempre assim, meus filhos. Agora também. Como pode Deus entrar, e a sua luz, onde não há mais espaço para eles, e onde as portas e as janelas estão barradas e protegidas pela soberba, pela humanidade, pelo vício, pela usura, por tantos, tantos guardas que estão a serviço de Satanás contra Deus?
Pilatos não pode entender como é o meu Reino. E o que é mais doloroso é que ele não me pede que Eu lhe explique. Ao meu convite para que ele procure conhecer a Verdade, o indomável pagão responde: “Que é a verdade?” E, com um levantar de ombros, deixa ficar de lado o assunto.
Ó filhos, meus filhos! Ó meus Pilatos de agora! Também vós, como Pôncio Pilatos, deixais cair, com um levantar de ombros os assuntos mais vitais. A vós podem parecer coisas inúteis, já superadas.
 Que é a Verdade? Será o dinheiro? Não. 
Será as mulheres? Não. 
Será o poder? Não. 
Será a saúde física? Não. 
A glória humana? Não. 
E, então, se deixa perder a Verdade. Pois não vale a pena que se corra atrás de um quimera.
 Dinheiro, mulheres, poder, boa saúde, comodidades, honras, estas coisas concretas, úteis, que se deverão amar e procurar conseguir de qualquer maneira. Vós raciocinais assim. E, pior do que fez Esaú, vós malbaratais os bens eternos por um alimento grosseiro, que vos prejudica em vossa saúde física, e em vossa saúde eterna.
Por que é que não continuais a perguntar: “Que é a Verdade?” Ela a Verdade, não pede outra coisa senão que se faça conhecer para vos instruir sobre ela. Ela está diante de vós como esteve diante de Pilatos, e olha para vós com olhos de um amor suplicante, implorando-vos. “Pergunta-me. E Eu te instruirei.”
Estás vendo como Eu olho para Pilatos? Igualmente Eu olho assim para todos vós. E, se Eu tenho um olhar de sereno amor para quem Me ama e quer ouvir as minhas palavras, tenho também olhares de um amargurado amor, porque minha natureza é Amor.
Pilatos me deixa onde estou, sem me fazer mais perguntas, e vai aos malvados, que têm a voz mais grossa, e que se impõem com sua violência. E os ouve este infeliz que não me ouviu e que rejeitou, com um mover de ombros, o meu convite para que procurasse conhecer a Verdade. Ele dá ouvidos à mentira. A idolatria, seja qual for sua forma, é sempre levada a venerar e aceitar a mentira, seja qual for. E a mentira, aceita por um fraco, leva o fraco ao delito.
Mas Pilatos, já na soleira do delito, ainda me quer salvar uma e duas vezes. E neste ponto ele me manda a Herodes. Ele sabe muito bem que o rei astuto, que sabe lidar com Roma e com o povo, irá agir de tal modo que não desagradará a Roma, nem provocará ao povo hebreu. Mas, como todos os fracos, ele vai adiantado, por algumas horas, a decisão, que ele não se sente capaz de tomar, e fica esperando que o tumulto do povo se acalme. Eu disse: “Que a vossa linguagem seja: Sim, sim; não, não. Mas ele não ouviu isso, e, se alguém foi dizer-lhe, ele terá feito, como de costume, aquele movimento com os ombros. Para vencer no mundo, para receber honras e lucros, é preciso saber fazer do sim um não, ou do não um sim, como o bom senso aconselhar (leia-se o senso humano).
Quantos e quantos Pilatos têm este vigésimo século! Onde estão os heróis do Cristianismo, que diziam sim, constantemente, sim à Verdade e pela Verdade, e não constantemente à mentira? Onde é que estão os heróis que sabem enfrentar o perigo e os acontecimentos com uma fortaleza de aço e com uma serena prontidão, e não com adiamentos, para que o Bem logo seja feito, e o Mal logo seja evitado, sem”mas” e sem”se”?
Na hora em que Eu devia voltar do Herodes, eis qual foi a nova posição tomada por Pilatos: a flagelação. E que é que ele esperava? Não saberia ele que a multidão é como uma fera que, quando começa a ver o sangue, se assanha? Mas Eu tinha que ser todo machucado, para expiar os vossos pecados da carne. E Eu fui machucado. Eu sou o Homem do qual fala Isaías. E, ao suplício que foi ordenado, acrescentou-se o que não foi ordenado, mas que foi inventado pela crueldade humana, o suplício dos espinhos.
Estais vendo, ó homens, o vosso Salvador, o vosso Rei, coroado de dor para livrar vossa cabeça de tantas culpas que nela fermentam? Não fazeis idéia, ó homens, de qual foi a dor que sofreu minha cabeça inocente, a fim de pagar por vós, pelos vossos cada vez mais atrozes pecados, por pensamentos que se transformam em ações? Vós que vos ofendeis até quando não há motivo para tanto, olhai para o Rei ofendido, e Ele é Deus, com o seu desprezível manto de púrpura rasgado, com o cetro, que é um caniço, e uma coroa, que é de espinhos. Ele já está quase morrendo, e o esbofeteiam ainda, com suas mãos, e com escárnios. Mas, nem com tudo isso vós vos moveis à piedade. Como os judeus, continuais a mostrar-me os punhos, e a gritar: “Fora, fora. Não temos outro Deus a não ser César”, ó idólatras, que não adorais a Deus, mas a vós mesmos e a quem entre vós for o mais prepotente. Vós não quereis o Filho de Deus. Para os vossos delitos Ele não vos ajuda. Quem vos ajuda mais é Satanás. Por isso, quereis Satanás. Do Filho de Deus vós tendes medo, como o Pilatos. E, quando ouvis que Ele vos ameaça com o seu poder, quando se agita dentro de vós a voz da consciência, que vos censura em nome dele, perguntais, como fez Pilatos: “Quem és Tu?”
Quem Eu sou, vós o sabeis. Até aqueles que me negam sabem quem são eles e quem Eu sou. Não mintais. Vinte séculos estão ao redor de Mim e vos mostram quem Eu sou, e vos falam sobre os meus prodígios. É mais digno de perdão Pilatos. E não vós, que tendes uma herança de vinte séculos de Cristianismo, que servem de base para a vossa fé, ou para vo-la inculcar, e vós não quereis saber disso. E contudo Eu fui mais severo com Pilatos, do que convosco. Eu não lhe dei resposta. Mas convosco Eu estou falando. E, não obstante isso, não consigo persuadir-vos de que sou Eu, a quem vós deveis adoração e obediência.
Agora mesmo me estais acusando de ser Eu mesmo a minha ruína, porque não vos escuto. E dizeis que perdeis a fé por isso. Oh! Mentirosos! Onde é que está a vossa fé? Onde está o vosso amor? Quando é que vós reagis e viveis com amor e fé? Sois grandes? Então, lembrai-vos de que sois tais, porque Eu o permito. Ou será que sois anônimos no meio do povo? Lembrai-vos de que não há outro Deus, além de Mim. Nenhum é mais do que Eu, nem existiu antes de Mim. Dai-me, pois, aquele culto de amor que me é devido, e Eu vos ouvirei, porque então, já não sereis mais bastardos, mas filhos de Deus.
E Pilatos fez um última tentativa para salvar minha vida, se é que ele ainda a podia salvar, depois daquela desapiedada e exagerada flagelação. Ele Me apresentou à multidão: “Eis o homem!” A ele humanamente Eu causo piedade. Ele espera pela compaixão coletiva. Mas, diante da dureza que resiste, e da ameaça que avança, ele não sabe praticar um ato sobrenaturalmente justo, e portanto bom, e dizer:”Eu livro este homem, porque Ele é inocente. Vós sois culpados, e, se não vos dispersais, ireis conhecer o rigor de Roma.” Isto era o que ele devia ter dito, se ele fosse um justo, sem ficar calculando qual o futuro que dali lhe teria vindo.
Pilatos é um falso homem de bem. Bom é Longino que, sendo menos poderoso do que o Pretor, e menos defendido, no meio da rua e rodeado por poucos soldados e pela multidão inimiga, tem coragem de defender-me, de conceder-me licença para repousar, de receber o conforto de mulheres piedosas, de ser socorrido pelo Cirineu, e em fim, de ter minha Mãe aos pés da Cruz. Ele foi um herói da justiça, e se tornou por isso, um herói de Cristo.
Ficai sabendo disso, ó homens que vos preocupais unicamente com os vossos bens materiais, porque também no que se refere a eles o vosso Deus intervém, quando vê que sois fiéis á justiça, que é uma emanação de Deus. Eu premio sempre a quem age com retidão. Eu defendo a quem me defende. Eu o amo e socorro. Eu sou sempre aquele que disse: “Quem der um copo d”água em meu Nome, terá recompensa.” A quem me dá amor, que é a água que dessedenta os meus lábios de Mártir Divino, Eu me dou a Mim mesmo, isto é, proteção e bênção.


(O Evengelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 65 a 71)